As ossadas dos dois alto dirigentes da "Galo Negro", mortos há 29 anos, foram entregues às famílias esta manhã, no Laboratório Central de Criminalística, no âmbito do Plano de Reconciliação das Vítimas de Conflitos.
A UNITA não tem ainda uma data para realização dos funerais.
Francisco Queiroz, também coordenador da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) disse que o momento agora é de homenagear a memória dos que pereceram, sem olhar de que lado estavam quando morreram.
"O momento também é de mudança de comportamentos e de atitudes. Chega de erros políticos trágicos, chega de actos de irresponsabilidade política que podem redundar em violência e provocar sofrimento ao Povo", salientou o ministro.
Segundo Francisco Queiroz, as vidas das pessoas que pereceram vítimas de conflitos políticos conhecidos e não conhecidos, identificados e anónimos, não tenham sido perdidas em vão.
Para o coordenador do CIVICOP, o momento agora é de aprender com os erros do passado, "que não devem ser esquecidos", e que sirva de alerta permanente às pessoas para impedirem que o mesmo se repita.
"Devemos recordar os erros políticos como marcos da nossa história e jamais repetir", apontou.
Francisco Queiroz salientou também que os trabalhos de identificação das ossadas de outros cidadãos mortos durante os conflitos armados vão continuar.
O governante acrescentou que oportunamente serão entregues as ossadas de Jeremias Kalandula Chitunda, antigo vice-presidente da UNITA, e de Eliseu Chimbili, chefe dos serviços administrativos da UNITA em Luanda, ambos mortos no conflito pós- eleitoral de 1992.
Isaías Samakuva, presidente da UNITA, que participou da cerimónia de entrega dos restos mortais de Pena e Mango, disse ser importante que actos desta natureza se repitam e lamentou o facto de existirem angolanos desavindos ao ponto de não se identificarem como nacionalistas.
"As pessoas preferem ser identificadas pela cor do seu partido. Creio que estamos na hora de passar por cima disso e aprendermos com as lições do passado e olharmo-nos como filhos da mesma Pátria", afirmou.
Isaías Samakuva reafirmou que já não é momento de se culpar ninguém e salientou que todos são vítimas e culpados.
"Agora é o momento de olharmos para a frente com coragem e com unidade", disse o presidente do partido do "Galo Negro", que garantiu que ainda não existir uma data para a realização das exéquias dos dois altos dirigentes da UNITA.
Esteves Pena "General Cami", irmão de Elias Salupeto Pena, disse que o momento é de tristeza e que a família almeja a verdadeira reconciliação nacional porque está "é mesmo necessária para que o País se desenvolva".
Alicerces Mango, filho mais velho do finado Paulo Alicerces Mango, realçou que tem o sentimento dividido 29 anos depois.
"Estou emocionado e triste em simultâneo. De facto queríamos ter essa oportunidade de enterrar o nosso pai", disse o primogénito de Alicerces Mango que também definiu este momento como um passo mais no "caminho para a reconciliação nacional".
Salupeto Pena e Jeremias Chitunda foram mortos na área do antigo mercado de Roque Santeiro, no Sambizanga, quando procuravam deixar a cidade, enquanto o brigadeiro Eliseu Chimbili foi morto atrás das instalações da Agência Angola Press (ANGOP), na rua Rei Katiavala.
Tal como foi feito com Jonas Savimbi, foram realizados testes científicos para confirmar que foram entregues, efectivamente, os restos mortais dos dois antigos dirigentes da UNITA.
Estiveram ainda presentes nesta cerimónia a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, do Interior, Eugénio Laborinho e Fernando Miala, chefe dos serviços de inteligência, SINSE.