Os suspeitos foram descobertos por intermédio de uma publicidade que fizeram no Facebook, durante um trabalho de monitoramento que direcção nacional de combate aos crimes informáticos efectuou nas redes sociais.
A detenção em flagrante dos indivíduos, que têm entre 24 e 41 anos, ocorreu esta segunda-feira, 04, no bairro Tanque Serra e os quatro vão ser encaminhados para o juiz de garantias, acusados do crime de posse e tentativa de venda de equipamentos de mineração de criptomoedas.
Para além dos processadores, em posse dos acusados, foram ainda apreendidos dois computadores portáteis, duas placas de viaturas, uma pistola de fabrico artesanal, duas catanas e quatro telemóveis, meios estes que, segundo o SIC, eram utilizados em acções criminosas.
Como se produz criptomoeda?
As criptomoedas são geradas a partir de um sistema informático de grande resolução que, ao contrário do que se pensa, que é que estas resultam da resolução de equações matemáticas, procura antes códigos, como se fosse um sorteio, amealhando a moeda à medida que acerta nos códigos aleatórios.
À medida que o software acerta nesses códigos, vai amealhando criptomoedas, que lhe chegam através do registo da descoberta no banco de dados denominado blokchain, que é uma espécie de sistema de armazenamento de dados por blocos interligados.
Em síntese, como estes códigos não são infinitos, os centros de mineração competem uns com os outros em todo o mundo por eles, sendo que quanto maior for a capacidade de processamento, maior sucesso se tem, em teoria.
Gasto gigantesco de energia e impacto ambiental negativo
Mas a questão problemática para o Estado angolano, sendo que é daí que resulta parte da preocupação do Presidente João Lourenço, que a fez chegar às autoridades na sexta-feira, 07, de forma incisiva, é que estes centros ilegais usam vastas quantidades de energia da rede pública, muitas das vezes com ligações pirata.
E quanto maior e potente é o sistema em rede usado para minerar este valioso recurso digital, sendo a mais conhecida, havendo muitas outras, a Bitcoin, que vale actualmente cerca de 100 mil USD por unidade, mais energia consome.
Segundo dados recolhidos em estudos internacionais, alguns destes "spots" podem gastar o equivalente a uma pequena cidade e, actualmente, em todo o mundo, estima-se que minerar criptomoedas custe o equivalente ao consumo de energia de países como a Austrália.
Só uma destas unidades sem dimensões extraordinárias tem, por norma, um consumo superior a 3,5 quilowatts-hora (kWh).
Há ainda a acrescentar que esta actividade tem um impacto ambiental gigantesco se não contar com energia gerada localmente por fontes alternativas, como a solar, eólica ou hídrica...