Várias salinas que usam lonas plásticas no processo de produção foram encerradas esta semana em Benguela, com detenções de funcionários pelo meio, ainda antes da conclusão de estudos laboratoriais que visam aferir, como anunciou o Ministério das Pescas e Recursos Marinhos, eventuais prejuízos decorrentes das geo-mantas, apurou o Novo Jornal.

A operação, levada a cabo pela Fiscalização do Gabinete Provincial das Pescas e o Serviço de Investigação Criminal (SIC), deverá culminar com o encerramento das cerca de trinta unidades de produção que extraem o sal através de lonas, detidas por cidadãos chineses e vietnamitas.

Lembrando os pronunciamentos da ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen do Sacramento, técnicos administrativos ao serviço dos asiáticos falam em medida precipitada, que pode desempregar, em duas semanas, mais de 1500 jovens angolanos.

No passado dia 15 de Agosto, quando dava início a uma visita a Benguela, a governante assegurou que só um estudo técnico e laboratorial, com duração de seis meses, podia determinar eventuais problemas ambientais e para a saúde pública (segurança alimentar) dos cidadãos.

"Angola não pode estar à margem da inovação, isto deve estar claro. De qualquer forma, vamos ver se este sal, mesmo com iodo, é prejudicial. Mesmo que o estudo disser que não dá para o consumo humano, pode servir para outras indústrias", referiu Carmen do Sacramento.

Foi a resposta às denúncias da Associação dos Produtores de Sal de Angola (APROSAL), que lamenta o espectro de falência técnica entre os seus filiados devido ao que chama de concorrência desleal.

Um dos seus membros, o empresário Manuel Rodrigues, que anunciou despedimentos de cem trabalhadores, ressalta que os expatriados praticam o preço de 50 Kwanzas por quilo de sal, abaixo dos 81 Kwanzas que serviram de base para os industriais que recorreram à banca.

Com o encerramento de salinas, muitos chineses e vietnamitas olham para o mercado de Moçambique como alternativa, mas outros, conforme os seus representantes, pedem tempo para uma transição das lonas plásticas para a argila.

Aliás, ainda antes das declarações da ministra, uma circular da Direcção Nacional da Pesca e Sal, datada de 25 de Julho, dava seis meses para que as salinas saíssem do plástico para o método tradicional (argila).

Proprietários das salinas encerradas, que ponderam abordar a titular do sector, a quem deverão manifestar o "total desagrado", sustentam que, mesmo tendo em conta a circular, a operação conjunta SIC/Fiscalização Pesqueira, é precipitada.

Reforçando a ideia de que o plástico importado é específico, sem qualquer consequência, eles assinalam que Janeiro de 2026, a data indicada para a apresentação dos resultados das análises, seria o limite.

Fonte do Comando Provincial da Polícia Nacional, que optou pelo anonimato para "não entrar num assunto melindroso", informou que está tudo entregue às Pescas/Benguela, Capitania e Comércio.

Os funcionários detidos por alegada desobediência no momento do encerramento já se encontram em liberdade.

O governador provincial de Benguela, Manuel Nunes Júnior, criou uma comissão técnica para "organizar" a Cidade do Sal, mas até hoje, cinco meses depois, não se sabe o que andou a fazer na comuna do Chamume, município piscatório da Baía Farta.