Jorge Quintas é acusado de ter estado nos últimos meses a fazer abordagens a vários juízes para alterarem sentenças judiciais a favor do empresário angolano Álvaro Sobrinho. Segundo os juízes que contactaram o NJ sob anonimato, o magistrado faz uso da sua posição junto da Coordenação Judiciária Nacional, onde é director-adjunto, para ter acesso aos processos e "intimidar" os mesmos a agir de acordo com interesses alheios ao Direito. Faz passar a ideia de que a sua actuação está em perfeita sintonia com "orientações superiores" da estrutura máxima do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), no caso, o agora demissionário juiz conselheiro presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo. O NJ apurou que Jorge Quintas age com base numa agenda para beneficiar vários empresários, com destaque para Álvaro Sobrinho, com quem mantém encontros regulares e recebe avenças.

Alguns destes juízes têm recusado obedecer a estas "orientações" de Jorge Quintas e acabam sendo intimidados por ele, que usa a sua posição e uma alegada aproximação a Joel Leonardo para agir (são ambos do Lubango, província da Huíla). Certo que dentro das estruturas do Tribunal Supremo foram criados certos grupos que agem ao serviço de interesses de grupos, prejudicando o sistema judicial e em benefício próprio. Jorge Quintas "foge" do NJ e CSMJ reage à nossa solicitação Contactado pelo NJ, Jorge Quintas alegou que se encontrava no exterior, que quando escalasse Luanda, isto uma semana depois, iria ao nosso encontro. Já em Luanda foi marcada uma data e local para encontro com o nosso jornal, o que nunca aconteceu por motivos de indisponibilidade de sua parte (alegou ter tido um óbito), o NJ marcou nova data e ainda assim nunca foi possível estar com ele e ultimamente deixou de atender às nossas solicitações.

O Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) reagiu à nossa solicitação sobre esclarecimentos de denúncias contra o magistrado, dizendo que "no âmbito das suas atribuições, a Coordenação Nacional Judiciária (CNJ), que tem como coordenadores os juízes de Direito Nazaré António (coordenador) e Jorge Quintas (coordenador-adjunto), tem registado uma imensidão de reclamações da parte dos advogados sobre a excessiva morosidade e até o desaparecimento de processos nos Tribunais da Jurisdição Comum", defendendo ainda que a instituição deu início a "um aturado trabalho de busca e apuramento nos tribunais" no sentido de dar resposta às reclamações que recepciona diariamente. Justificando que o trabalho da CNJ visa "imprimir celeridade na decisão deprocessos há muito parados nos tribunais de jurisdição comum, bem como localizar processos dados como desaparecidos", admitindo que se trata de um trabalho que resulta em "alguma pressão sobre os magistrados judiciais", mas sempre no sentido de imprimirem "maior celeridade na decisão dos processos" e nunca de "influenciar a decisão a favor de quem quer que seja".

O CSMJ é o órgão responsável pela gestão e disciplina dos Tribunais da Jurisdição Comum. Nesta qualidade, chamou a si a responsabilidade de dirigir a Coordenação Nacional Judiciária, que integra representantes de todos os órgãos que intervêm na administração da justiça, desde os tribunais, a PGR e os órgãos da polícia.