A Organização Mundial de Saúde (OMS) já tem equipas no terreno a monitorar a evolução de mais um surto epidémico de Ébola na Republica Democrática do Congo (RDC), desta feita em Bulape, na região central do país vizinho, a escassos 350 kms da fronteira com Angola.
Situada na província do Kasai Ocidental, Bulape é o epicentro do 16º surto de Ébola na RDC (ver links em baixo) desde que o vírus foi, pela primeira vez, detectado num ser humano, na província do Equador, também neste país, sendo uma das situações que ocorre mais próximo da fronteira com Angola que se estende por mais de 2.500 kms.
Até ao momento as autoridades congolesas registaram mais de duas dezenas de vítimas mortais, embora estes valores estejam em permanente alteração devido às dificuldades de apuramento de dados e por causa de questões culturais que levam muitas das vítimas a esconder que padecem da doença ou porque buscam a cura junto de curandeiros tradicionais.
Os técnicos da OMS procuram travar o avanço da infecção com a vacinação nas áreas mais afectadas e entre a população mais exposta aos casos que vão sendo conhecidos, estando a caminho do país, segindo os media locais, perto de 50 mil doses entregues pelo Grupo Internacional de Coordenação das campanhas de vacinação.
Este surto foi declarado no início de Setembro e já foram detectados perto de meia centena de casos, dos quais cerca de 20 mortos e alguns dezenas de suspeitas de infecção por este vírus hemorrágico, que, apesar de já ter uma vacina razoavelmente eficaz na prevenção, ainda é dos mais letais existentes.
A proximidade com a fronteira de Angola é igualmente uma condição de risco acrescida, como o nota o responsável regional da OMS, Patrick Otim, que sublinhou a existência de um "risco moderado" de o vírus avançar para território angolano, especialmente depois da descoberta de um caso a cerca de 70 kms, para sul, do epicentro, em Bulape.
De acordo com os especialistas, nestas condições, aos países vizinhos impõe-se a activação de plano de prevenção de acordo com o risco reconhecido, especialmente quando existem fronteiras porosas e as comunidades locais fazem essas travessias diariamente e as relações familiares são numerosas entre as linhas de demarcação nacionais.