Segundo a coordenadora do projeto "Mbanza Congo, Cidade a Desenterrar para Preservar", a arqueóloga angolana Sónia Domingos, citada pela agência de notícias angolana, os muros descobertos no local denominado Tadi-Dia-Bukikua dividem-se em dois compartimentos.
O trabalho desenvolvido por 12 especialistas angolanos e cinco estrangeiros (de Portugal e Camarões), iniciado a 21 de janeiro e com o fim previsto para quinta-feira, detetou pedras sobrepostas sobre as fundações, o que pode significar, segundo Sónia Domingos, que a estrutura foi sofrendo várias modificações ao longo da sua construção.
"Se realmente foi o palácio real, facto que deverá ser confirmado ou não através de estudos específicos, então por aqui passaram dois ou mais reis que mandaram efetuar modificações sucessivas na sua estrutura inicial", disse Sónia Domingos.
Segundo a responsável, a equipa de especialistas vai proceder à escavação de toda a superfície da área visada, seguindo-se a reconstituição em três dimensões da estrutura encontrada para se aferir a sua tipologia, para a elaboração de uma maqueta a servir de montra para os turistas.
Estas descobertas vão permitir analisar o tipo de arquitetura da época.
Sónia Domingos disse que as escavações decorrem igualmente no local onde eram defumados os corpos dos defuntos reis, com plantas aromáticas, denominado "Mpindi-a-Tadi", assim como no antigo cemitério do bairro Álvaro Buta.
No local, foram descobertos objetos de cerâmica, líticos, restos humanos (mandíbulas) e carvões para datação, enquanto no cemitério foram encontradas várias missangas em ossadas humanas.
A responsável sublinhou que todo o trabalho tem como objetivo provar o valor universal e excecional da antiga capital do Reino do Congo (Mbanza Congo), uma das mais antigas cidades da África Ocidental, a primeira sede episcopal ao sul do Equador e que conserva a sua cultura ancestral.
Recentemente, o bispo da diocese de Mbanza Congo, Vicente Carlos Kiaziku, citado pela rádio Ecclesia, considerou importantes as escavações, porque podem ajudar a descobrir o património da igreja católica no Reino do Congo.
No passado dia 10 de junho, o Governo angolano classificou Mbanza Congo como novo património cultural nacional, com a denominação de Centro Histórico de Mbanza Congo, pressuposto indispensável para a sua inscrição na lista de património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).