Ursula Von der Leyen co-preside hoje, juntamente com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a uma cimeira sobre a cooperação com África, intitulada "O Plano Mattei para África e o Portal de Entrada Global: Um esforço comum com o continente africano", na qual o continente africano, ao contrário do que era previsto e foi anunciado pela União Europeia, é representado pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, em representação do Presidente de Angola, João Lourenço, actualmente presidente em exercício da União Africana.

Estão também presentes líderes da Zâmbia, República Democrática do Congo e Tanzânia, e ainda instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

Na intervenção de abertura dos trabalhos, a presidente do executivo comunitário defendeu o alinhamento das duas estratégias de investimento em África - o chamado Plano Mattei, proposto por Itália no ano passado, e a iniciativa «Global Gateway» (Portal de Entrada Global), um pacote de investimento de 150 mil milhões de euros lançado em 2022 pela União Europeia, considerando que ambos "nasceram para serem empreendimentos colectivos" e "para fazer face a desafios comuns", tendo como objectivo "aproveitar as oportunidades que servem todos os envolvidos".

Considerando que "há um novo dinamismo na forma como a África e a Europa trabalham em conjunto", até porque os seus interesses "estão mais alinhados do que nunca", Von der Leyen destacou, entre os objectivos da cooperação reforçada, "impulsionar a produção de energia limpa em ambos os continentes", "ligar os mercados digitais" e "construir corredores económicos modernos".

"Para tudo isto, precisamos de investimento [...] Vemos que outros países em todo o mundo estão a reduzir o seu financiamento. Pensamos que isso é errado. Atrair novos investimentos para África é do interesse de ambos. E o evento de hoje mostra que a nossa abordagem está a dar resultados", disse.

Focando-se nos investimentos em "infraestruturas de grande escala", que, sublinhou, "não se resume a construir caminhos-de-ferro, pontes e barragens", mas significa também "investir na formação dos trabalhadores locais, porque isso cria capacidades e é assim que se dá a transferência de conhecimentos", resultando "em repercussões positivas em todas as economias locais de África", Von der Leyen declarou então que "não há melhor exemplo do que o trabalho feito no Corredor do Lobito".

Esta estrutura ferroviária de 830 quilómetros ligará Angola e a Zâmbia através da República Democrática do Congo (RDC), criando um centro logístico regional para o transporte de minerais e produtos agrícolas.

"Lançámo-lo em conjunto na Cimeira do G20 em 2023. Mobilizámos investimentos em caminhos-de-ferro e outros modos de transporte para ligar as regiões mineiras sem litoral da RDC e da Zâmbia à costa atlântica de Angola. Mas o corredor é muito mais do que um caminho de ferro para as regiões mineiras. Hoje, estamos a assinar três acordos de financiamento com Angola, para que toda a economia do país possa beneficiar do corredor", disse.

"Financiaremos a formação profissional, para que a população angolana disponha das competências adequadas para os empregos criados pelos nossos investimentos. Levaremos os produtos alimentares locais aos mercados nacionais e internacionais. E promoveremos o turismo ao longo do corredor. Isto gera crescimento local e emprego - ao longo de todas as cadeias de valor e em toda a economia", especificou.