Cerca de oito assaltantes chegaram à Clínica HELPED, ainda antes das 21 horas, "montados" numa viatura de grande cilindrada, de cor preta e vidros "fumados", e logo imobilizaram o segurança que se encontrava à porta.
Foi carregando o segurança imobilizado que deram entrada no edifício - térreo e integrado na grande área residencial com iluminação pública quase inexistente -, já de armas em punho e, como é hábito, em altos berros, intimidatórios, e avisando ao que vinham.
"Quero o chefe e o cofre" disse o "líder" do jovem gangue logo que se "apresentou", bem vestido e exibindo um casaco branco", segundo uma das vítimas do assalto com quem o Novo Jornal online conseguiu falar na tarde desta terça-feira.
De acordo com a testemunha, que exigiu anonimato, à hora do assalto, véspera de fim-de-semana, não estavam muitos utentes no local. Seriam "pouco mais de meia dezena, talvez mais pessoas ligadas à clínica, entre pessoal médico e administrativo".
"Depois de nos colocarem todos numa sala, exigiram de cada um de nós todos os nossos documentos, bens e dinheiro. Com a máquina ATM da própria clínica confirmaram todos os códigos dos nossos cartões Multicaixa, depois de nos obrigarem a dá-los. Um dos médicos, como o saldo dava zero, pois não tinha dinheiro, ainda levou com a coronha da arma nas costas várias vezes", contou a nossa fonte.
A nossa testemunha lembrou ainda que, já durante o assalto, chegou uma senhora que se deslocou à clínica para levantar uns exames do marido. "Passou pela entrada da vivenda-clínica e, ao cruzar-se com um dos assaltantes, deu as boas noites pois pensou tratar-se do segurança. Assim que entrou na casa foi logo "atacada" e como entrou em aflição, aos gritos, foi prontamente ameaçada".
Ainda a recuperar de um tratamento recente, o marido, que aguardava dentro do carro na companhia de um filho, ao dar-se conta dos gritos tentou ir em socorro da mulher, mas acabou travado pelo ladrão que ficou de vigia no exterior.
Pai e filho tornaram-se também eles vítimas da violência, enquanto lá dentro continuavam as "operações" do "gangue", e com o alegado "líder" sempre ligado ao telemóvel. "Provavelmente, em contacto com os outros dois que se encontravam à porta, um na rua e o outro ao volante da viatura que os transportou", referiu a nossa fonte.
Condutora de carro de luxo tornou-se "alvo"
Foi dessa forma que foram alertados para a presença na clínica de uma senhora com ligações a alguém de posses. Segundo a testemunha ouvida pelo Novo Jornal, o "chefe dos ladrões" ameaçou as vítimas para saber quem era a mulher endinheirada.
Logo que a visada se identificou, foi obrigada a estabelecer ligação com a tal figura bem colocada, estatuto denunciado pela viatura de luxo que a mulher conduz, associada a figuras do Governo. "Ah! És tu, então vais ligar já para o teu marido", ordenaram os assaltantes, de acordo com a nossa fonte.
Como a ligação não se estabeleceu, os agressores aparentemente desistiram.
Ainda sob os efeitos do assalto, que calcula ter durado mais de uma hora, a nossa testemunha mostrou-se sempre muito centrada no relato dos factos.
De tal forma que, com toda a clareza, nos explicou que a última vítima, outra senhora que também surgiu na clínica e terá sido agredida.
Reproduzindo a cena que envolveu esta situação, a fonte conta que a mulher foi recebida com palavras de ódio: "Uma mulata?! Detesto gajas mulatas", gritou o agressor.
"Logo foi encaminhada para um gabinete de onde se ouviram gemidos de dor. Pensamos nós, na sala ao lado, que estaria a ser violada. Mas quando os bandidos decidiram ir embora fomos ver como a senhora estava e, apesar de muito nervosa, negou qualquer tipo de violação física".
O passo seguinte das vítimas, já sem a presença do gangue, foi chamar a Polícia Nacional.
O Novo Jornal Online confirmou a ocorrência junto das autoridades policiais, que se limitaram a acrescentar terem dado início ao processo de investigação pouco tempo depois de terminado o assalto.