"Temos informações de que a situação do nosso cliente inspira cuidados. Ele carece de assistência médica", disse ao Novo Jornal Salvador Freire dos Santos.

"Visitámos também a prisão de Cacanda na Lunda Norte onde há outros presos ligados ao Movimento do Protetorado Lunda Tchokwe a situação da assistência médica é muito grave. Ninguém presta atenção aos presos doentes", acrescentou.

O advogado não percebe porque é que, passados mais de 10 meses, mesmo com o prazo vencido de prisão preventiva, o seu cliente continua na prisão.

"Sempre dissemos que este é um assunto político, porque as pessoas conhecem as leis e sabem o destino a dar ao preso quando passa o prazo da prisão preventiva", acrescentou.

O advogado diz que o primeiro trimestre deste ano será decisivo para o seu cliente voltar a liberdade e avisa as autoridades judiciais para agir com isenção e transparência neste processo que ele desconfia ter "mão oculta".

"Iniciámos o ano de 2022 sem evolução do processo. Os prazos de prisão preventiva esgotaram-se. As autoridades competentes não dizem nada", lamentou o advogado, salientando que, por não existir uma acusação ou despacho de pronúncia, o seu cliente não pode continuar preso.

Zeca Mutchima foi preso em Luanda, pelo Serviço de Investigação Criminal, a 09 de Fevereiro do ano passado.

"Zeca Mutchima é arguido no processo-crime n° 111/2021 e acusado dos crimes de rebelião e associação de malfeitores, cujos trâmites correm por competência territorial na província da Lunda-Norte, onde será ouvido em torno da instrução preparatória do referido processo-crime", referia o mandado de detenção.

A 30 de Janeiro ano passado ocorreram, na localidade de Cafunfo, província da Lunda Norte, confrontos entre forças de segurança e cerca de 300 manifestantes que pretendiam pedir diálogo com o Governo sobre a situação na província. Os confrontos resultaram na morte e no desaparecimento de vários manifestantes.

Zeca Mutchima foi acusado pelas autoridades governamentais como sendo o instigador desta manifestação.