A operadora UNITEL, empresa que fez a queixa ao SIC, assegurou que nos últimos dois anos tem vindo a verificar fraudes nas comunicações internacionais na sua rede de telefonia móvel.

Os traficantes geriam as operações a partir do bairro Benfica, onde tinham, de forma clandestina, o seu centro de operações, devidamente equipado com tecnologia de ponta, e mantinha controlo de algumas chamadas internacionais e cobrava os serviços aos operadores internacionais, como se de uma operadora oficial angolana se tratasse.

O SIC, para além de desmantelar a rede, procedeu à apreensão de mais de 40 computadores, diversos equipamentos de telecomunicações e mais de três milhões de "chips" maioritariamente da operadora Africell, como constatou o Novo Jornal durante a operação.

Rui Horta, gestor sénior de fraude e segurança da UNITEL, disse ao Novo Jornal que a UNITEL tem vindo a combater essa fraude todos os dias e que diariamente tem feito o bloqueio de 100 cartões "chips".

Segundo o gestor de fraudes e segurança da UNITEL, os valores das chamadas internacionais feitas, ao invés de irem parar aos operadores, como por exemplo a UNITEL, iam parar a essa entidade falsa que transportava as chamadas de um país para outro, a preços muito mais baixos.

Rui Horta assegurou que esse tipo de fraude também tem degrado a qualidade das comunicações e fazia com que as chamadas telefónicas caíssem.

" Essa fraude não é nova no mundo das telecomunicações em Angola, desde 2015 que a UNITEL tem vindo a combater esse tipo de fraude. Mas é a primeira vez que encontramos uma rede de maior dimensão em Angola", disse o gestor de fraudes e segurança da maior operadora de telefonia móvel de Angola, assegurando que a rede lucrava mensalmente mais de 400 mil dólares.

Manuel Halaiwa, director de comunicação institucional e imprensa do SIC, disse que o SIC recebeu uma queixa da UNITEL e despoletou uma acção de inteligência criminal que culminou no desmantelamento da rede criminosa, de cidadãos chineses.

Segundo Manuel Halaiwa, na mesma falsa empresa, trabalhavam alguns cidadãos nacionais.

Para o SIC, os implicados incorreram na prática dos crimes de tráfico na comunicação, burla informática, acesso ilegítimo a comunicações e sabotagem nas comunicações.

Manuel Halaiwa assegurou que há suspeitas de envolvimento de outras pessoas, sobretudo agências, que colaboraram na aquisição dos milhões de chips nas operadoras UNITEL e Africell

O Novo Jornal soube que os implicados serão esta segunda-feira, 26, presentes ao Ministério Público e ao juiz de garantia, para os passos subsequentes.