A direcção do INAGBE reconhece os atrasos e diz que o subsídio do mês de Março já foi pago, faltando apenas os meses de Abril e Maio, e que o problema está junto da missão diplomática angolana naquele País.
Ao novo Jornal, alguns bolseiros do Rio de Janeiro e do Estado do Ceará, que falaram sob anonimato, contaram que vivem dias difíceis por falta dos subsídios.
"Estamos com contas de energia, água e arrendamentos por pagar. Há colegas, cujas famílias não têm possibilidade de enviar dinheiro, que passam fome", afirmaram.
Segundo os bolseiros, o que vai salvando os estudantes é o sentido de solidariedade, ou seja, quem tiver comida em casa compartilha com quem não tem.
Um estudante da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), que está com o visto prestes a caducar, contou que não consegue renovar por falta de dinheiro.
"Cobram para a renovação do visto perto de 200 Reais (moeda local) e como não tenho, não consigo renovar", lamentou.
Entretanto, soube o Novo Jornal, no dia 7 de Maio, os bolseiros tiveram um encontro com a direcção do INAGBE, em que lhes foi passada a informação de que os subsídios dos meses de Março e Abril já" se encontravam no Brasil.
"Disseram-nos que os subsídios foram enviados e que só faltava o sector de Apoio aos Estudantes (SAE), acusar o recebimento, mas até aqui, nada", expuseram os bolseiros.
Outro estudante da Universidade Federal do Ceará disse que muitos colegas naquele Estado estão com contas de aluguer, água e luz em atraso.
"Correremos o risco de sermos despejados das moradias onde vivemos, e alguns estão mesmo a passar fome, porque ficaram sem stock de alimentos", contou.
Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou a direcção do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo para o devido esclarecimento. Milton Chivela, o director, disse que o INAGBE, através do BPC, já transferiu para o Brasil o subsídio do mês de Abril e que só não foi pago aos bolseiros por falta de uma assinatura de alguém do consulado que se encontra ausente do Brasil.
"Infelizmente, uma das responsáveis, neste caso um dos assinantes da conta, não se encontra no Brasil, por isso não se consegue fazer movimentação nas contas", disse ao Novo Jornal o director do INAGBE.
De acordo com Milton Chivela, não se trata de atrasos referentes ao mês de Março para aqueles bolseiros, pois a conta financeira do referido mês já foi transferida de Angola para o Brasil, há já algum tempo.
Milton Chivela avançou que desconhece a indisponibilidade da pessoa assinante, por se tratar de uma funcionária do consulado de Angola no Brasil e não do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo.
O responsável do INAGBE garantiu que o único País que está com atraso na bolsa é somente o Brasil, que todos os outros estão pagos.