Uma nota da PGR, enviada hoje ao Novo Jornal, avança que a directora do Serviço Nacional de Recuperação de Activos, Eduarda Rodrigues, mandou apreender um conjunto de imóveis que inclui o Edifício ADLI, na Rua 28 de Maio, o Thyke Hotel, na Marginal de Luanda, e, entre outros, um edifício adjacente ao terminal da Macon, ou habitações no Condomíno Sodimo, na Av. Dr. António Agostinho Neto, na Praia do Bispo.

Tal como nas anteriores apreensões, também no âmbito do mesmo processo de investigação patrimonial, foi designado como fiel depositário o Cofre Geral de Justiça.

Segundo fonte da PGR avançou ao Novo Jornal, uma das residências aprendidas, no Condomínio Sodimo, era o local onde Manuel Domingos Vicente, antigo PCA da Sonangol e ex-Vice-Presidente da República, tinha a funcionar o seu escritório.

Recorde-se que o antigo Presidente da seguradora AAA e actual gestor da AAA Activos, foi constituído arguido e foi sujeito a prisão preventiva como medida de coacção no dia 22, depois de ter sido ouvido pela segunda vez na PGR.

A detenção surgiu depois de viu apreendidos bens e congeladas as suas contas, em Angola e na Suíça e depois de apreendidos os edifícios da ex-seguradora AAA, e da rede de hotéis IKA e IU, tendo ainda sido recuperados" 49% das participações sociais da accionista AAA Activos Lda. no Standard Bank Angola SA, a que agora se soma este conjunto de imóveis hoje divulgado pela PGR.

A apreensão dos imóveis da AAA Activos e este hoje, pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos da PGR, foi justificada com a forte suspeita de que estes bens foram adquiridos com verbas pertencentes ao Estado.

Também a sua mulher, Irene Neto, filha do antigo Presidente, Agostinho Neto, viu a PGR congelar as suas contas em Angola e apreender alguns dos seus bens igualmente devido a este processo.

O caso 900 milhões USD

Carlos de São Vicente viu a justiça suíça congelar-lhe uma conta com 900 milhões de dólares norte-americanos por suspeita de se tratar de dinheiro proveniente de operações de branqueamento de capitais.

Segundo o despacho do Ministério Público da Suíça, foram sete as contas congeladas do ex-presidente da seguradora angolana AAA Seguros, Carlos Manuel de São Vicente, mas apenas uma, com 900 milhões USD foi mantida nessa condição.

Carlos de São Vicente é marido de Irene Alexandra da Silva Neto, antiga deputada e filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto que também viu as suas contas congeladas em Angola, bem como alguns bens apreendidos devido a este mesmo processo.

As autoridades suíças alegam que entre 2012 e 2019 o empresário transferiu quase 900 milhões de dólares da companhia de seguros para as suas contas, algo que só foi descoberto quando o banco SYZ alertou para uma transferência de 213 milhões de dólares.

"É pouco comum para um presidente executivo e do conselho de administração ter em sua posse fundos pertencentes a uma companhia, ainda para mais uma seguradora regulada pelo Estado, apesar de ter, neste caso, poder de representação individual da companhia", lê-se na acusação divulgada pelo consórcio de jornalistas.