O homem, Adão de seu nome, apresentou-se às pacientes como médico especialista em saúde reprodutiva, e realizava consultas de ginecologia, obstetrícia, urologia, bem como procedimentos de inseminação artificial, fertilização in-vitro, exsudado vaginal e hidrotubação.
Nesta clínica, os preços das consultas variavam de acordo com cada especificidade. Por exemplo: um exame de urina, sangue e exsudado vaginal custava entre os 400 e os 600 mil kwanzas, já os procedimentos de inseminação artificial custavam entre dois e 10 milhões de kz. A consulta individual rondava os 30 mil e a casais 50 mil kz.
Desesperadas com o seu problema de saúde, as mulheres submeteram-se a todos os procedimentos que o suposto médico recomendava. É o caso de uma das vítimas que pagou cerca de quatro milhões de kwanzas, mas a sua situação não foi resolvida e ainda teve outros efeitos colaterais.
À mesma clínica recorreu um casal que pagou mais de seis milhões de kz. O falso médico retirou os óvulos à mulher "em condições precárias", para ser efectuado o processo de inseminação. A mulher acabou por contrair bactérias que lhe trouxeram problemas graves nos ovários.
De acordo com o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal em Luanda, Fernando Carvalho, o homem foi detido devido às várias denúncias feitas pelas vítimas, quando se aperceberam que tudo não passava de uma ilusão, porque nenhuma conseguiu engravidar e todas acabaram por contrair outras doenças.
O falso médico vai ser indiciado dos crimes de burla qualificada, exercício ilegal de profissão e ofensas graves à integridade física.
ORMED confirma que o falso médico detido pelo SIC não consta na lista de dados da instituição
A Ordem dos Médicos de Angola (ORMED) confirma que o homem detido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), esta semana, por burlar milhões de kwanzas a várias mulheres, não é médico e que o seu nome não consta na base de dados da instituição.
A informação foi avançado pelo médico Aldimiro Kusivila membro ORMED, citado pela Rádio Nacional, tendo assegurado que "o número de ordem que o cidadão apresenta não é usado e nem é atribuído pela organização".