Numa cama estão três crianças internadas e nas salas de internamento não há espaço para os médicos trabalharem. Alguns médicos estão a atender os pacientes em cadeiras e no chão.

Alguns utentes reconhecem os esforços dos médicos e dos enfermeiros, outros nem tanto, mas lamentam o facto de os profissionais de saúde estarem a trabalhar sem as mínimas condições.

As farmácias dos dois grandes hospitais do município, o Hospital Geral dos Cajueiro e o municipal "Somague", estão quase sem medicamentos, em função das enchentes, mas as suas direcções asseguram não haver falhas.

Dados do Hospital Geral dos Cajueiros certificam que mais de dois mil pacientes estão a ser atendidos por dia, e, segundo o Governo Provincial de Luanda (GPL), esta é a unidade sanitária de Luanda com mais pressão nos seus serviços.

Conforme o GPL, há a necessidade de o corpo clínico melhorar a qualidade dos serviços que são prestados aos utentes que acorrem ao hospital.

Manuel Homem, governador provincial de Luanda, que visitou aquela unidade sanitária no dia 1 de Janeiro deste ano, reconheceu haver enchentes, mas assegurou que os pacientes estão a ser atendidos.

O Novo Jornal apurou junto das equipas médicas, tanto no Hospital municipal do Cazenga, como dos Cajueiros, que a malária e as doenças respiratórias são as enfermidades mais frequentes que levam milhares de pacientes aos hospitais.

Só das 06:00 às 10:00, desta quinta-feira, 04, mais de 400 crianças tinham sido atendidas na pediatria do Hospital Geral dos Cajueiros, como constatou no local o Novo Jornal.

Entretanto, o Sindicato dos Médicos Angolanos denunciou que, nesta altura, o Hospital Geral dos Cajueiros lidera, a nível nacional, o atendimento em termos estatísticos.

Segundo o Sindicato dos Médicos, por essa razão recebeu, em final de Dezembro último, a visita dos dois secretários de Estado para a Saúde.

Conforme o Sindicato dos Médicos, em função do número de pacientes, da pediatria e medicina geral, muitos doentes foram transferidos para o Hospital de Calumbo, no município do Icolo e Bengo.

Em conversa com o Novo Jornal, a direcção do Hospital Geral dos Cajueiros considerou normal as transferências e desdramatizou a situação, considerando-a habitual.

Entretanto, o Sindicato dos Médicos Angolanos é de opinião que o Governo tente procurar saber o porquê destas enchentes, pese embora reconheça que em ternos de medicamentos este hospital melhorou muito.

Já no Hospital Municipal do Cazenga "Somangue", os utentes queixam-se, para além das enchentes, da grande morosidade no atendimento.

Francisco Fernandes, Odeth Domingos e Santa Cordeiro, três utentes com quem o Novo Jornal conversou, disseram estar desde a madrugada à espera de atendimento.

Nos gabinetes e nos bancos de urgências (como ilustram as fotos) são vários os pacientes à espera por atendimento.

O secretário provincial de Luanda do Sindicato dos Médicos Angolanos, Miguel Sebastião, disse ao Novo Jornal ser necessário que o Ministério da Saúde olhe mais para o funcionamento dos hospitais nas periferias, para aliviar o quadro que os hospitais gerais e municipais enfrentam.

O governador de Luanda assegurou ser fundamental melhorar os serviços e certificou a transferências de pacientes para outras unidades sanitárias da província de Luanda para desafogar as enchentes.