Tedros Ghebreyesus lembrou que a eclosão do surto da doença, também conhecida como mpox, ocorreu na República Democrática do Congo (RDC) e alastrou-se depois para o Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda, que juntos concentram 14 mil casos desde o início do ano, somando 511 mortes.

Depois da avaliação dos membros do comité de emergência, caberá ao director-geral a decisão final sobre se a doença será declarada emergência de saúde pública de interesse internacional, diz a OMS.

O actual surto envolve uma versão diferente do vírus da varíola dos macacos conhecida como clado 1, subtipo 1b, que está associada a uma taxa de mortalidade mais alta do que a do vírus clado 1, subtipo 2b, que foi predominante no surto anterior.

De acordo com a OMS, os surtos de varíola do macaco têm sido registados na RDC há décadas, mas o número de casos tem aumentado significativamente a cada ano. As notificações observadas no primeiro semestre de 2024 equivalem ao total do ano passado, antes de o vírus se espalhar para províncias não afectadas anteriormente.

Além de terem sido confirmados casos no Burundi, no Quénia, no Ruanda e no Uganda no mês passado, houve primeiros relatos de pacientes suspeitos em quatro países vizinhos do território congolês, ou seja, este ano, além de afectar a RDC, o clado 1 foi detectado na República Centro-Africana e na República do Congo. O clado 2 foi notificado em territórios dos Camarões, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria e África do Sul.

Até agora, países como Quénia, Ruanda e Uganda registaram casos do clado 1. A variante do clado no Burundi ainda está a ser analisada, destacou Tedros Ghebreyesus.

A OMS está a tentar "entender e abordar factores por detrás desses surtos" em parceria com os governos dos países afectados e com o Centro de África de Prevenção de Combate a Doenças, CDC, além de ONG, sociedade civil e outras entidades.

O objectivo, segundo o director da OMS, é interromper a transmissão, numa acção que "exigirá uma resposta abrangente, com as comunidades a desempenhar um papel central".

As recomendações permanentes da OMS sobre a varíola dos macacos desencorajam restrições de viagem aos países afectados e um plano de resposta regional orçado em 15 milhões de dólares para apoiar acções de vigilância, preparação e resposta.

A OMS anunciou ter autorizado a disponibilização de 1 milhão USD do seu Fundo de Contingência para Emergências para apoiar a ampliação da resposta, afirmando que prepara a disponibilização de mais dinheiro para acelerar a actuação nos próximos dias.

Duas vacinas contra a varíola dos macacos já foram aprovadas por autoridades reguladoras de países associados à OMS.

Para acelerar o acesso à vacina, a OMS diz que adoptou um novo processo para listagem de uso emergencial de ambos os imunizantes, especialmente para países de baixa renda que ainda não têm aprovação regulatória nacional.