Os homens, de 21 e 32 anos, foram detidos hoje, quinta-feira,28, na via pública, após serem interpelados durante uma operação policial e vão ser presentes ao magistrado do Ministério Público sexta-feira,29, acusados de tráfico de chifres de rinoceronte.
Os rinocerontes africanos estão entre as espécies selvagens em maior risco de extinção e são protegidos por diversas leis internacionais e nacionais e fazem parte da lista da CITES, a Convenção Internacional para o tráfico da Fauna e Flora em Risco, e na qual esta espécie está em lugar de destaque.
Apesar disso, a obtenção de 10 chifres de rinoceronte exigiu a morte de 10 animais selvagens, o que, devido ao seu número reduzido em todo o continente, está mesmo considerado extinto em Angola, embora os últimos anos seja possível que alguns tenham atravessado a fronteira desde a Namíbia ou Botsuana e se tenham reproduzido em território nacional, consubstancia um rude golpe nos esforços de conservação desta espécie que é das mais valiosas para os países que apostam no turismo como fonte de rendimentos e de criação de emprego.
Durante os interrogatórios policiais, os suspeitos alegaram ter adquirido os chifres de rinoceronte a um cidadão que se encontra foragido das autoridades, proveniente da província do Kuando Kubango, "com o objectivo de comercializar os chifres no valor de quatro milhões de Kwanzas e, após a venda os detidos teriam a sua comissão", referiu, em comunicado a polícia.
Mesmo com o decreto que proíbe o abate, tráfico e venda de marfim, que, entretanto, entrou em vigor em 2016, os caçadores furtivos não obedecem o Decreto Executivo que "proíbe a venda de marfim e seus derivados no País".
Segundo apurou o Novo Jornal, estes casos que envolvem abate de animais selvagens protegidos por lei tem ganhado terreno em proporções alarmantes em Angola.
Durante este ano na província do Bengo, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve um homem de 50 anos por tráfico de marfim e abate de elefantes.
Já na província do Kuando Kubango, um homem, cuja identidade não foi revelada à data dos factos, era guarda-florestal, também acabou detido por tráfico de marfim, abate de elefantes e venda de pele de pangolim, no município do Dirico.
As presas de elefante e as escamas de pangolin são os elementos mais procurados e os que têm estado na génese de mais apreensões.
A Ásia é o grande mercado de destino destas partes de animais, especialmente as escamas de pangolin e chifres de rinoceronte, que são usados na medicina tradicional chinesa, sendo que a principal é o seu uso como estimulante sexual que a ciência garante não ter qualquer fundamento visto que o chifre de rinoceronte é composto pelo precisamente mesmo material que constitui as unhas humanas.
A lista vermelha
A Lista Vermelha das Espécies de Angola, que considera a CITES e a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), inclui quatro categorias, sendo que a A, das espécies extintas no País, inclui o Rinoceronte Preto, a Hiena Castanha e o Pinguim do Cabo.
Na categoria B, espécies ameaçadas de extinção, estão, entre outras o Leão, a Chita, o Mabeco, a Hiena-Malhada, a Zebra de Montanha, o Gorila, o Búfalo Vermelho, o Manatim Africano, a Palanca Negra Gigante, a Raposa das Areias, o Macaco de Brazza, o Chimpanzé, o Búfalo, a Girafa de Angola, o Babuíno, a Tartaruga de Couro, o Papagaio Cinzento, a Raia Manta, o Tubarão Azul e o Tubarão Tigre.
A categoria C, de vulneráveis devido à actividade humana, é composta por 18 espécies de mamíferos, como o elefante e o leopardo, 31 de aves, 10 de répteis, como o crocodilo e a jiboia, quatro de peixes, quatro de insectos, seis cetáceos, nomeadamente a Baleia Azul, um crustáceo e 30 vegetais, entre os quais o tradicional Imbondeiro.
A categoria D, que agrega espécies invasoras, integra o Cacusso por eliminar as espécies nativas quando fora do seu habitat, e 17 de vegetais.