Perto das 08:30 de hoje, segunda-feira, 10, um dos repórteres do Novo Jornal observou, na Av. Deolinda Rodrigues, pelo menos sete viaturas da PIR, com agentes equipados para agir, incluindo canhões de água, a dirigirem-se para a cidade de Viana.

No Benfica multiplicavam-se os relatos de destruição de património e fogueiras nas ruas, havendo mesmo a confirmação de um incêndio que danificou o comité de acção do MPLA, na Estrada 100, próximo à 24ª esquadra da PN, onde estavam, perto das 09:00, milhares de pessoas na rua.

O protesto começou quando, segundo relatos da polícia do Comando de Viana ao Novo Jornal, os taxistas das associações que aderiram à greve procuraram impedir que os não-associados colocassem as suas viaturas ao serviço dos milhares de cidadãos que hoje se viram obrigados a fazer longos percursos a pé.

Há ainda relatos de que foram observadas infiltrações de jovens sem ligação ao sector dos transportes a juntarem-se aos taxistas, dando maior vigor à acção, nomeadamente na queima de pneus e colocação de objectos nas vias para impedir a circulação rodoviária.

Há igualmente relatos de que o mesmo está a acontecer em Benfica e Cacuaco e que o alargamento dos protestos é resultado da já longa crise económica no País com efeitos graves na vida das famílias devido ao elevado preço dos bens da cesta básica e ao desemprego.

Segundo apurou no local o Novo Jornal, depois de ter resolvido o problema em VIana, onde foram detidos vários jovens suspeitos de terem estado a incitar à violência durante os protestos, o contingente da PIR deslocou-se para a Cacuaco, onde foram registados igualmente violentos distúrbios.

Um dos efeitos mais nocivos desta greve para a vida das pessoas são as longas caminhadas a que estão obrigadas se não quiserem pagar valores exorbitantes para, por exemplo, se deslocarem entre a vila de Viana e a FTU, em Luanda, de moto-táxi.

Nesta situação estão milhares que não conseguem dispor de 1.500 kwanzas para pagar esse trajecto de koto-táxi, ou 2.000 se for até aos Congolenses.

Isto, porque, mesmo que muitos táxis (candongueiros) não tenham aderido à greve, os grevistas, organizados em piquetes, estão, por vezes com violência, a obrigar os veículos a passar com passageiros a descarregar.

Uma fonte policial avançou ao Novo Jornal que foi queimado, pelo menos, um autocarro que pertencia a uma clínica de hemodiálise e que o veículo foi atacado com pedras mesmo estando com pessoas no seu interior antes de ser envolto pelas chamas.

Situação normalizada

Entretanto, por volta das 11:30, a situação foi normalizada com a presença em grande número de forças policiais nas ruas e os manifestantes desmobilizaram.

Mas, ainda durante o pico dos protestos, dezenas de indivíduos tentaram agredir as equipas de jornalistas da TV Zimbo e da TV Palanca.

Segundo apurou o Novo Jornal junto de fontes destes canais, um dos repórteres da Palanca chegou a ser regado com petróleo para ser queimado vivo mas conseguiu escapar, por pouco, das chamas, sendo salvo por um agente da polícia.