Segundo o sindicato, os serviços mínimos estarão salvaguardados nos bancos de urgências e cuidados intensivos

"A classe médica é mal remunerada, um médico faz o trabalho de cinco. Resultado, verifica-se uma aceleração desgastante físico e psíquico dos nossos profissionais que, se não houver, uma rápida intervenção de quem nos dirige, será um caos", diz o sindicato.

Conforme o sindicato, os médicos querem ver apenas o sistema de saúde melhor e que os profissionais sejam bem remunerados.

Pedro Rosa, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos disse aos jornalistas, durante a conferência de imprensa, que o País criou no âmbito do PIIM novos hospitais, mas não foram recrutados médicos nem enfermeiros para estas unidades.

"Temos muitos médicos formados com o dinheiro do Estado no desemprego, outros a prestarem serviços como voluntário. E para mostrar a falta de patriotismo, o médico Adriano Manuel, formado em pediatria, está há 18 meses desempregado por denunciar a morte de muitas crianças no Hospital David Bernardino, fruto do mau sistema de saúde", contou.

Segundo o SNMEA, no dia 20 de Setembro último, o sindicato remeteu o seu primeiro caderno reivindicativo para buscar soluções, mas não encontrou resposta.

Desta feita, prossegue, os médicos reuniram em assembleia, em Novembro, e após analisarem o silêncio da tutela, por unanimidade, deliberaram observar um período de greve geral em todo o território nacional.

Conforme o SNMEA, os doentes que padecem de diabetes não têm, em Angola, médicos especialistas suficientes.

"Infelizmente temos apenas 14 especialistas para o País todo, desse número apenas dois trabalham na função pública porque os outros 12 estão no sector privado", explicou Adriano Manuel, presidente do sindicato, assegurando que isso se deve ao facto de "o Estado pagar mal".

O sindicato mostra-se também preocupado com a fuga de médicos especialistas do sector público para o privado.

O sindicato entende que o Governo dividiu a classe médica criando médicos para os pobres e médicos para os ricos.

"Os médicos para os pobres estão nos hospitais públicos e não têm a formação devida. Os médicos para os riscos ganham mais e têm formação de topo, que nós os da função pública não temos. Contudo, estes médicos foram formados na sua maioria pelo Estado no exterior", lamenta o sindicato, assegurando que os mesmos não são aproveitados para servir a população pobre.

Adriano Manuel lastimou o facto de o Executivo criar hospitais, a nível do País, com equipamentos de ponta, mas que por falta de especialistas nunca foram usados.