Para além deste problema confinado às províncias do Sul de Angola, esta agência das Nações Unidas para as crianças chama ainda a atenção para a persistência do risco de cólera e outras doenças veiculadas pela existência de charcos de água em resultado das chuvas intensas que caíram no Norte do país no início do ano.
Sobre a questão dos surtos de cólera que nos primeiros meses do ano afectaram algumas províncias, com destaque para o Zaire, o Fundo das Nações Unidas para as Crianças informa que os casos cólera confirmados são de 455, estando estes repartidos por 218 no Soyo (Zaire) em Cabinda, 236 e em Luanda apenas um.
O documento hoje divulgado pelo UNOCHA, escritório da ONU que gere as situações de crise envolvendo as diversas agências das Nações Unidas, avança ainda que foram registadas, desde o início do ano, 24 mortes, 10 das quais no Soyo e 14 em Cabinda.
Para fazer face ao problema da seca crónica no Sul de Angola, o UNOCHA nota ainda que o UNICEF apoiou a abertura ou reabilitação de 52 pontos de água potável, entre outras estruturas que permitiram fornecer água potável a zonas afectadas pela cólera, bem como campanhas porta-a-porta de sensibilização ou de distribuição de desinfectantes para garantir a potabilidade da água consumida.
A questão da subnutrição de milhares de crianças nas áreas afectadas pela seca crónica é outras das preocupações notadas pelo UNICEF, sendo as províncias mais afectadas o Cunene, a Huila, o Namibe, Benguela, o Cuando Cubango, Cuanza Sul e o Huambo.
É ainda destacada a questão dos fontanários ou furos que não estão a permitir o uso da água devido a prolongadas avarias dos mecanismos por falta de manutenção ou de peças de substituição.
Refugiados na Lunda Norte
Entretanto, também segundo uma nota distribuída pelo UNOCHA, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) iniciou na terça-feira a realocação dos cerca de 33 000 refugiados da República Democrática do Congo (RDC) dos centros de acolhimento de Mussumgue e Cacanda para um novo centro no Lóvua.
Esta fase de transferência de refugiados foi imposta pela constatação de que os dois centros de acolhimento iniciais não possuem as condições mínimas de acolhimento.
Este problema tende, no entanto, a extinguir-se com o passar das semanas porque a situação de violência que grassou nas províncias da RDC do Kasai e Kasai Central estão a ser lentamente resolvidas com a anulação das milícias locais pela intervenção das Forças Armadas da RDC (FARDC) e das movimentações políticas e da ONU na e sobre a região em questão.
Esta aparente normalização da situação acontece depois de um ano de violência da qual resultaram mais de 1,3 milhões de deslocados e mais de 500 mortos.
Sobre o realojamento dos refugiados na Lunda Norte, segundo o ACNUR, o Governo angolano atribuiu cerca de 33 quilómetros quadrados de terra em Lóvua, município da província de Luanda Norte, para melhorar as condições de vida dos refugiados.
Todos os refugiados receberão um terreno para construir abrigos e cultivar alimentos para complementar as suas necessidades alimentares.
A ONU mantém activo o pedido de ajuda internacional de 65 milhões de dólares para apoiar os refugiados da RDC em Angola porqu, até ao momento, decorridos que estão cerca de 4 meses desse pedido, pouco mais de metade foi proporcionado.