Segundo a imprensa local, o acusado é um trabalhador da construção civil que estava em trânsito no Aeroporto Changi, em Singapura, quando foi apanhado com corno de rinoceronte cortado em oito peças, que, no total, pesavam quase três quilos.

O produto estava a ser transportado dentro de caixas de presente, distribuídas por duas malas, que também continham cerca de 18 gramas de pó do mesmo material, com valor comercial estimado em cerca de 205 mil dólares.

De acordo com o jornal The Straits Time, a Justiça concluiu que os pedaços encontrados com o vietnamita provieram de três chifres de pelo menos dois rinocerontes negros, espécie em vias de extinção.

A condenação de Nguyen Vinh Hai surge cerca de seis meses depois de ter sido apanhado, a 31 de Agosto de 2017, pelas autoridades alfandegárias do Aeroporto Changi.

Nesse mesmo mês, conforme o Novo Jornal Online noticiou, outro vietnamita, identificado como Foong Ngab Ha, foi detido no Aeroporto Suvarnabhumi, em Banguecoque, capital da Tailândia, com um corno de rinoceronte cortado em cinco pedaços, igualmente proveniente de Angola.

Recorde-se que, também no ano passado, o coordenador da Unidade de Crimes Ambientais do Ministério do Ambiente, José Rodrigues, alertou para o facto de a caça furtiva no país assumir contornos de "crime organizado e com implicações no sistema financeiro" nacional.

"Porque esses recursos obtidos por via do tráfico regressam ao nosso território por via do nosso sistema financeiro e há aqui a necessidade da Unidade de Inteligência Financeira do Estado angolano poder, por via da legislação do branqueamento de capitais, adoptar todas as medidas para combatermos essas práticas", defendia o responsável, em declarações à agência Lusa.

Na mesma ocasião, no início de Junho de 2017, José Rodrigues estimava que, até essa altura e desde o início do ano, o negócio da caça furtiva já tinha movimentado 248 milhões de dólares no país, fluxo que as autoridades pretendem travar com a recém-introduzida proibição de "venda pública de animais vivos ou abatidos em todo território nacional, nas estradas nacionais ou terciárias, em mercados privados ou públicos".

A interdição, presente num decreto executivo do Ministério do Ambiente, prevê, numa primeira fase, a aplicação de multas aos infractores e a apreensão dos animais.

De acordo com o coordenador da Unidade de Crimes Ambientais, a medida insere-se num plano operacional de definição de políticas públicas em matéria de preservação e conservação da vida selvagem, que vão ainda "distinguir a caça furtiva de cariz criminoso" daquela que é praticada para "sobrevivência das comunidades locais".