Imagine-se a conduzir tranquilamente, a apreciar a paisagem, quando de repente, eis que surge o primeiro buraco. Não é um simples buraco, é um portal para outra dimensão, onde as leis da física são meras sugestões. O condutor desvia-se habilmente, mas oh! Lá vem outro, e mais outro. É um teste de reflexos, uma dança com o perigo. Uma missão quase impossível.
E o que dizer do impacto na economia? Bem, se houvesse um mercado de acções para buracos, Angola seria uma potência económica. A trincheira firme dos buracos em África. Os buracos são tão abundantes que poderiam ser considerados uma atracção turística. Até já o são. "Venha para Angola e experimente o nosso emocionante rally urbano!", diria o folheto. No verso, em letras disfarçadas, contactos de reboques e vendedores de amortecedores.
Mas não se engane, esses buracos são democráticos. Não importa se está num carro de luxo ou numa bicicleta, todos são igualmente sacudidos. E enquanto o condutor balança e rebola pela estrada, pode-se ouvir o coro uníssono dos angolanos: "Mais um buraco, mais uma história para contar."
E as histórias são muitas. Há a do buraco que engoliu uma moto inteira, ou a do que se disfarçou de poça d"água, apenas para revelar sua verdadeira identidade quando um incauto motorista tentou atravessá-lo. O buraco que deu uma bassula ao carro desgovernado. São lendas urbanas que se espalham mais rápido do que a capacidade do governo de tapá-los.
Mas vamos ser justos, os buracos também têm seu lado positivo. Eles promovem a solidariedade entre os motoristas. Quando alguém fica preso, há sempre um grupo de bons samaritanos prontos para ajudar. É o espírito comunitário em sua forma mais pura.

E para aqueles que sofrem com o estresse dos buracos, aqui vai uma dica: transforme-o em um jogo. Cada buraco desviado é um ponto, cada viagem sem danos é uma vitória. No final do dia, conte seus pontos e celebre. Afinal, sobreviver às estradas de Angola não é para os fracos. Portanto, da próxima vez que se deparar com um buraco, sorria. Está a participar de uma tradição, uma experiência compartilhada por milhões. E quem sabe? Talvez um dia, esses buracos sejam apenas uma memória, um capítulo divertido na história de Angola. Até lá, mantenha os olhos na estrada e o senso de humor afiado, e pergunte, em que buraco me meti?