A situação começou no dia 24 de Janeiro, quando a quadrilha se deslocou à província do Bié para recrutar adolescentes a fim de trabalharem numa fazenda a custo zero.

Um membro do gangue, em momentos diferentes, interpelou as jovens, entre os 15 e os 18 anos, que ia encontrando na via pública, e, apresentando-se como funcionário de uma fazenda, dizia que estava à procura de pessoal para trabalhar na quinta.

O homem conversou com elas sobre o trabalho na capital do País, dizendo que seriam enquadradas na área dos serviços domésticos da fazenda e que mensalmente receberiam 15 mil kz, mas isto não chegou a acontecer.

As adolescentes aceitaram a oferta e no dia 25 do mesmo mês viajaram para Luanda, mas os pais não tinham noção que seriam exploradas naquela fazenda, conta a Direção do Investigação e Ilícitos Penais afecto ao Comando Municipal da Quiçama.

Já em Luanda, as menores eram submetidas a trabalhos forçados no campo: a capinar, trabalhar nas plantações e colheitas durante o dia todo sem protecção, tendo apenas duas refeições por dia.

Os maus tratos duraram dois meses, período este em que as lesadas ficaram em cativeiro e sem entrarem em contacto com os familiares ou com as pessoas da vizinhança.

Neste fim-de-semana, as vítimas conseguiram escapar das mãos dos exploradores, tendo saído do local por volta das 03:00 quando estes se encontravam a dormir.

As jovens percorreram uma longa distância, até às 15:00, momento em que conseguiram localizar uma casa distante da fazenda, onde foram acolhidas.

Horas depois fizeram uma participação à Polícia Nacional e no dia 31 de Março, domingo, os efectivos da DIIP na Quiçama detiveram os cincos acusados com idades entre os 18 e os 34 anos, que estavam envolvidos no caso.

Diante desta situação, as autoridades policiais asseguram que os detidos serão presentes ao juiz de garantia, sob acusação de tráfico de pessoas concorrido com escravidão.