Um dos habitantes mais famosos do Parque Nacional Kruger, na África do Sul, uma águia marcial de nome Fierce, que foi a estrela de uma série de televisão britânica, morreu em Moçambique numa armadilha colocada por caçadores de subsistência para apanhar pequenos antílopes, avançou a imprensa sul-africana.

Com capacidade para se deslocarem a grandes distâncias em busca de alimentos, as águias do Kruger percorrem amiúde os cerca de 160 quilómetros que separam o parque da zona de Moçambique onde foi encontrada a Fierce, graças a um dispositivo electrónico colocado pelos ambientalistas no âmbito de um programa que visa salvar da extinção estas raras rapaces.

Segundo Rowen Van Eeden, do Instituto da Ornitologia Africana Percy FitzPatrick, da Universidade da Cidade do Cabo, citado pelo Times Live, foi detectado, através dos mecanismos de vigilância criados, que "a águia já não mantinha a sua movimentação normal".

Com 4, 6 quilos, esta águia marcial ficou famosa depois de aparecer num documentário sobre a vida selvagem de uma estação de televisão do Reino Unido, narrado por um famoso apresentador, Steve Backshall.

Para que Fierce fosse encontrada, presa à armadilha que caçadores locais colocaram numa zona remota de Moçambique para caçar antílopes, uma pequena equipa liderada por Eeden Van Eeden fez-se ao caminho, seguindo os sinais emitidos pelo dispositivo GPS que a águia tinha.

O esforço feito pela equipa, que teve de atravessar centenas de quilómetros de savana densa com acesso muito difícil para veículos e sem presença humana na região, excepto de eventuais caçadores de subsistência, demonstra o empenho que está em curso para salvar uma das mais raras espécies de águia, a águia marcial.

Apesar desse esforço, no entanto, Fierce é a terceira das oito etiquetadas com um localizador GPS que foram encontradas mortas fora do Kruger Park, sendo que duas foram mortas por caçadores e uma morreu electrocutada na Suazilândia.

Perante este cenário, Van Eeden sublinha que o risco de sério declínio destas aves de grande porque é real e pode chegar a um ponto crítico para a sua sobrevivência enquanto espécie.