O conflito no reinado Mwatchisengue eclodiu-se em 2019, após a morte do anterior rei, Ndumba Alberto. Segundo fontes, esse deixou por escrito uma circular em que legitima Lukhasa João para lhe suceder no trono, seguido de todos os rituais de entronização, o que foi observado, mas o Governo actual, liderado por Daniel Félix Neto, é acusado de fazer "vista grossa" para o processo de sucessão ao trono, ao não reconhecer ou oficializar o documento deixado antes mesmo de morrer, conforme tinha sido recomendado pelo governador antecessor do actual, Ernesto Kitekulo, depois de reconhecer Lukhasa João como Rei Mwatchisengue.

"O que o Governo devia fazer, quando o senhor (José Estêvão) apareceu a reclamar, era apenas apresentar o documento (deixado pelo antecessor), e acabava-se o conflito", sugere Lukhasa João, que se indignou pelo facto de ser reconhecido e recebido com pompas e circunstâncias por outros governadores das províncias do Leste. "Eu, se vou para o Moxico ou Lunda-Norte, sou recebido como rei pelas autoridades tradicionais ou do Governo, mesmo na altura dos governadores antecessores", revela.

A ida do Presidente da República à cidade de Saurimo, em Junho último, parecia amenizar a tensão que se vive, mas não foi dessa. Lukhasa João apareceu no encontro entre João Lourenço e as autoridades governamentais e tradicionais, mas foi surpreendido ao encontrar José Estêvão na mesma sala, aquele explicou ao Presidente o que se passava, João Lourenço orientou ao governador para que "imediatamente" se pusesse fim ao conflito que já se arrastava por longo período. Passados alguns dias, o rei entronizado pressionou o governador para a marcação da data para um encontro entre as autoridades tradicionais e da sociedade civil, para se resolver o conflito. Daniel Neto deixou a data sob critério do rei entronizado, esse marcou, ao aproximar-se a data, eis que são surpreendidos com uma carta vinda da Direcção Provincial da Cultura, a dar conta da ausência de uma das partes, José Estêvão, que viajou por motivos familiares, e, por isso, a realização da reunião tinha de esperar. "Estes dias todos, estamos à espera que o governador mande o senhor para reunirmos, até hoje nada", insiste Lukhasa João, que confessa nunca ter privado com Estêvão: "Nem o conheço, nunca veio reclamar o poder em minha frente".

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