O homem chegou morto ao hospital, onde foi registado directamente como "falecido", sem ser especificada a causa da morte, disse à agência noticiosa espanhola EFE o director da unidade de saúde de Gaza responsável pela contagem de vítimas, Zaher al-Waheidi.
No entanto, as imagens partilhadas por meios de comunicação social palestinianos como o Quds - ligado ao movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza - mostram a vítima mortal completamente esquelética e vestida com uma fralda.
Com a morte deste homem, registada na noite de segunda-feira, sobe para 67 o número de mortos registados pelas autoridades de Saúde de Gaza devido a desnutrição, dos quais a maioria são crianças.
"Não são apenas as crianças que são vítimas da fome, todos os grupos vulneráveis que necessitam de cuidados médicos e nutrição adequada estão em risco de morte sob o actual cerco", escreveu na sua página da rede social Facebook o director da Saúde de Gaza, Munir al Bursh, sobre o caso.
Desde o início deste ano, uma média de 112 crianças de Gaza foram internadas em hospitais do enclave palestiniano para receber tratamento por desnutrição aguda, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
No total, só este ano, 18.809 crianças com menos de 05 anos foram internadas para receber tratamento, 2.500 delas em casos graves.
"Cada um desses casos é evitável. Estão a impedir que lhes cheguem os alimentos, a água e os tratamentos nutricionais de que necessitam desesperadamente. Decisões tomadas pelo homem que estão a custar vidas. Israel deve permitir urgentemente a entrega em grande escala de ajuda vital através de todas as passagens fronteiriças", declarou, no final de Junho, o director regional da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de África, Edouard Beigbeder.
O bloqueio total que Israel manteve sobre o acesso da ajuda humanitária a Gaza entre 02 de Março e 19 de Maio, impedindo completamente o acesso a bens básicos como alimentos, medicamentos ou combustível, agravou significativamente a crise humanitária que o enclave já enfrentava.
Tanto antes do início do bloqueio total como depois, Israel já limitava significativamente o acesso da ajuda à Faixa de Gaza durante a guerra, em curso desde Outubro de 2023.
Em Novembro de 2024, a situação atingiu os seus números mais drásticos, com cerca de 65 camiões de ajuda para toda a população (2,1 milhões) em média diária, quando antes da guerra eram cerca de 500, o que as organizações humanitárias já consideravam insuficiente.
A 19 de Maio, Israel voltou a permitir o acesso muito limitado de camiões ao enclave, que só começaram a distribuição dias depois.
A distribuição de ajuda também tem sido um problema, uma vez que no centro e sul de Gaza ficou principalmente a cargo da Fundação Humanitária para Gaza (GHF, pela sigla em inglês), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.
Em torno dos quatro pontos de distribuição que a fundação mantém no centro e sul do enclave (o norte fica excluído), o exército israelita é acusado de ter matado cerca de 600 pessoas quando tentavam ir buscar alimentos.
Enquanto isso, no norte, a população trava (às vezes violentamente) os camiões da ONU e apropria-se da mercadoria, embora Israel afirme que é o Hamas que retém a ajuda.