No seguimento de protestos por melhores salários, condições laborais e subsídios de produtividade justos, mais de 400 trabalhadores do concessionário dos Terminais Polivalentes do Porto do Lobito concentram-se esta manhã à porta da empresa, na antecâmara do anúncio de greve geral, previsto para a próxima quinta-feira.

Em representação do colectivo, metade dos trabalhadores da Africa Global Logistics (AGL), há dois anos na gestão e exploração dos Terminais de Contentores e de Carga Geral, optou por mais um exercício que visa exigir uma resposta da entidade patronal ao caderno reivindicativo entregue pela Comissão Sindical.

Na última semana, enquanto decorria a visita da delegação da União Europeia (UE), já os trabalhadores gritavam bem alto "queremos o nosso dinheiro, queremos o nosso dinheiro".

Agora, avançaram para uma concentração, nas imediações da porta 8, visando concertar ideias para uma paralisação que deverá ter aval do Sindicato Provincial dos Transportes.

Após o anúncio de greve, tal como ficou definido, os trabalhadores vão marchar até às instalações do Porto-senhorio, de onde foram transferidos para a AGL, sem "muitas das regalias".

O objectivo, segundo os manifestantes, é criticar a "apatia" do Conselho de Administração, presidido por Celso Rosas, face aos "baixos salários, subsídios de produtividade fora do acordado e condições desumanas nos turnos".

De acordo com as reivindicações, o Porto-senhorio não fiscaliza a actuação do concessionário, que pagou ao Estado angolano acima de 100 milhões de dólares por 20 anos de exploração dos Terminais.

A concessão, por ajuste directo, foi entregue à AGL, mas é a ALT (AGL Lobito Terminal ) que "comanda" as operações portuárias. "Vamos até ao fim, se alguém está a comer ou a ficar rico por conta do nosso sofrimento ... isso vai ser descoberto", diziam vários funcionários.

Não havia, pelo até ao momento em que expedíamos esta peça, nenhuma reacção do empregador a esta concentração.

Inúmeras vezes abordado pelo NJ, Celso Rosas opta pelo silêncio quando se trata da situação social dos funcionários, mas continua a enaltecer "os grandes projectos"da ALT, que se prepara para receber "os maiores navios do mundo".

Na última semana, a representante da UE em Angola, Rosária Bento Pais, disse que, para lá do interesse no desenvolvimento económico ao longo do Corredor do Lobito, há preocupação em relação ao lado social, direitos humanos e questões ambientais.

"Os trabalhadores devem ser bem tratados, com salários e condições que não fiquem aquém do que se pratica na Europa. Isto é que nos diferencia dos outros parceiros", frisou a diplomata.