Além de Angola, onde a Petrobras tem presença há longos anos, apesar de uma recente pausa, e está agora a regressar, neste mapa da multinacional com sede no Rio de Janeiro, está ainda a Costa do Marfim, a Nigéria e a Namíbia.
Em entrevista à Reuters, a CEO da Petrobras confirma que África é a principal aposta para crescer externamente,, sublinhando Magda Chambriard que a companhia é especialista na margem atlântica e a correlação com o continente é evidente.
E são estes "experts" que enfatizam que "a relação (geográfica) entre África e o Brasil é inequívoca", fazendo questão de dizer que "isso impõe uma ida para lá. Temos de ir para África!".
Há muito que se discute a inevitabilidade, porque a costa brasileira e africana têm um encaixe natural, resultante da separação geológica dos continentes, a que corresponde também a repetição das condições naturais para uma abundância de crude no pré-sal africano tal como ocorre no pré-sal brasileiro e onde a Petrobras tem a sua principal aposta há décadas.
A demonstrar este interesse da multinacional brasileira, no passado dia 23, em Brasília, por ocasião da visita do Presidente João Lourenço, foi assinado um memorando de entendimento entre a Petrobras e a Sonangol para pesquisa e desenvolvimento, formação e investigação, sendo um dos caminhos a abertura de caminhos para uma transição energética sustentada.
E já antes, em Março, a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) e a Petrobras assinaram um documento de parceria para a negociação directa de contratos de concessão de blocos no offshore angolano, tendo, na ocasião, o Presidente Lula da Silva considerado que estes documentos se traduzem pelo "regresso" do Brasil ao petróleo e gás angolanos.
E isso fica ainda claro nas declarações de um executivo sénior da empresa, citado pela Reuters no início de janeiro, onde avança que a Petrobras está compradora de participações em campos petrolíferos da costa ocidental africana para "aumentar as reservas próprias".
Para isso, adiantou este responsável, estão a ser estabelecidos contactos com a Exxon, a Shell e a TotalEnergias, no que se pode traduzir pela existência destas multinacionais e ceder participações à brasileira nas suas operações nesta geografia de interesse para a petrolífera estatal brasileira.
Neste contexto, o offshore costa-marfinense reveste-se de especial interesse porque tem uma correlação "tipo lego" de encaixe com as Bacias de Santos e de Campos, onde se concentram os grandes furos pré-sal (formação geológica sob uma espessa camada de sal, a grandes profundidades) da Petrobras.