Ficará para a história como a maior realização do governo de João Lourenço, quer em dimensão quer em ambição - esta é a maior obra pública do pós-independência -, pois, depois de concluído, este será um dos maiores aeroportos de África, com capacidade para cerca de 15 milhões de passageiros por ano - sobretudo tráfego internacional - e um volume anual de mercadorias de 50 mil toneladas quando estiver em "piloto automático".

Para já, o NAIL arranca com operações de carga, estando os voos domésticos planeados para o final do primeiro trimestre do próximo ano, enquanto os voos internacionais estão programados apenas para o terceiro trimestre de 2024.

Quase 20 anos volvidos desde que foi anunciado, e tendo consumido aos cofres do Estado mais de 7 mil milhões USD, o NAIL emerge em 1.324 hectares, onde estão previstas duas pistas duplas, com capacidade para receber os maiores aviões comerciais do mundo.

Localizado no distrito de Bom Jesus, município de Icolo e Bengo, a 42 km do centro da capital, o novo aeroporto internacional de Luanda vai contemplar uma cidade aeroportuária, construída de raiz, que cobrirá uma área de construção de 75 quilómetros quadrados.

Diz o Governo que, para lá chegar, vai construir duas novas estradas, de modo a descongestionar o trânsito. Uma delas sairá da Centralidade do Zango 8.000 para o novo aeroporto e a outra está a ser construída na zona do Simão Kimbango, na Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem Loy, e vai fazer ligação com a Via Expressa Fidel Castro.

Segundo a directora provincial de Luanda do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), Rosária Kiala, estão ainda em curso trabalhos de manutenção e conservação das principais avenidas e estradas de Luanda que vão ligar ao futuro Aeroporto Internacional de Luanda, com foco no sistema de drenagem de toda a Via Expressa, assim como da Avenida Deolinda Rodrigues, que estão a ser reabilitadas para evitar inundações como aquelas a que temos assistido nas épocas chuvosas.

Para além do trajecto por estrada, o Governo promete uma linha do Caminho-de-Ferro de transporte de passageiros, assim como novas estações: Bungo, Musseques, Viana e Baia, além de uma estação de conexão e o Terminal Ferroviário do Novo Aeroporto.

Encontra-se, ainda, em construção no corredor dos CFL, um ramal que parte da estação da Baía, atravessa a Estrada Nacional 230, até ao novo Aeroporto Internacional de Luanda.

Também o projecto de metro de superfície promete contemplar, naquela que será a linha amarela, a linha principal que vai ligar o Largo da Independência à centralidade do Kilamba, e terá uma extensão até ao novo aeroporto, sendo ainda necessário fazer uma estação intermodal junto ao terminal de passageiros. Mas é um projecto que vai demorar anos a concluir.

Se a viagem tivesse de ser feita agora, por estrada, poderia levar até duas horas, e caso estivesse a chover, três, o que também quer dizer que, se um passageiro tivesse de apanhar um vôo às 07:00, teria de sair do centro da cidade à meia-noite, para poder chegar a tempo de fazer o check-in.

Também não se afigura fácil garantir uma circulação anual de 15 milhões de passageiros, tendo em atenção que os números de 2022 apontam para uma movimentação de 1,5 milhões passageiros de ou para Luanda, pelo que estamos a falar de multiplicar por dez o actual tráfego do Aeroporto 4 de Fevereiro. Isto só eventualmente acontecerá a médio ou longo prazo, mas é um factor essencial para garantir o pleno funcionamento e sustentabilidade do aeroporto. Para que este não se transforme no "elefante branco" de que falam os críticos do projecto.