As notícias mais preocupantes chegam de Itália, país onde mais de 130 casos de contágio confirmados em laboratório foram conhecidos de sexta-para Sábado, continuando entretanto a aumentar, chegando já hoje aos 160, com quatro mortos registados, o que levou os mercados petrolíferos a temer que a Europa possa ser agora o novo foco de preocupações económicas subsequentes à progressão do Covid-19.
Este crescente impacto do Covid-19 fora da China, se se mantiver no actual ritmo, segundo os especialistas ouvidos pelas agências, vai ter um impacto pesado na economia europeia e, por arrasto, em todo o mundo.
Se as medidas dramáticas que estão a ser tomadas em Itália, com a suspensão de muitas actividades importantes, como o carnaval de Veneza, a Semana da Moda, em Milão, ou vários jogos de futebol da principal liga italiana, ou ainda a limitação de movimento interno, que já está a ser ensaiado, se mantiverem e forem alargadas, o impacto económico surgirá em pouco tempo e é isso que, segundo os especialistas, está já a levar os mercados a anteciparem os efeitos com quedas substanciais no preço do barril de Brent, mas também no WTI de Nova Iorque.
Em números, esta retracção é lida numa perda dos 58,80 USD por barril no dia 20, quinta-feira, para os 56,09 às 10:00 de hoje, menos 3,19% que o fecho do Brent de Londres na sexta-feira, contrastando com o optimismo dos últimos dias nos mercados petrolíferos.
Edward Moya, analista da OANDA, citado pela Reuters, entende que é inevitável uma diminuição da procura de petróleo com a intensificação das restrições de movimentos em todo o mundo à medida que a epidemia se expande e se confirma como uma ameaça global e não apenas chinesa.
Com esta descida para pouco mais de 56 USD por barril, Angola volta a ficar na iminência de ver atingido em baixa o valor de referência usado pelo Executivo de João Lourenço para elaborar o OGE 2020, que foi de 55 dólares.
Este cenário, se continuar a progredir negativamente, como o ministro dos Petróleos, Diamantino Azevedo, admitiu numa entrevista recente, pode levar a que seja inevitável uma revisão do Orçamento Geral do Estado.
Para isso, naturalmente, o barril terá de continuar a descer e fixar-se abaixo dos 55 USD durante algum tempo, obrigando o Governo a adequar as suas despesas às receitas, que, como se sabe, têm nas exportações de crude uma das mais importantes fontes de rendimento, sendo ainda responsáveis por mais de 95 por cento das exportações nacionais.