Depois do desfile das 21 províncias foi a vez de viaturas aprumadas, tanques reluzentes, soldados em formação geométrica, veículos não tripulados com aspecto ameaçador, helicópteros em formação de ataque, caças com manobras persuasivas e navios que flutuaram com orgulho patriótico. Só faltou o submarino. Se calhar até lá estava, a cumprir a sua missão de não ser visto.
O País mostrou o seu poderio militar em terra, no mar e no ar com direito a explicações ao vivo sobre o alcance do armamento não fosse alguém pensar que aquilo era só para enfeite. A reacção internacional não se fez esperar.
O pessoal da América, visivelmente abalado e cheio de calafrios, interrompeu os afazeres diários para enviar, apressadamente, os parabéns. Não era um simples cumprimento, uma simples cortesia política politicamente correcta. Era um tratado de não-agressão.
Angola é uma potencialidade em potência. Tremenda potência. Não é só o Corredor do Lobito. São muitos corredores, nadadores, voadores, ameaçadores. O mundo está em alerta. Os vizinhos já convocaram reuniões de emergência. A ONU pediu calma. E o Google Maps actualizou Angola com uma nova legenda "Área de Intervenção Estratégica (aié)". Afinal, como ignorar um país que foi e é autoproclamado "a trincheira firme da revolução em África". Outrora um símbolo da resistência anti-colonial e da luta ideológica.
Agora, os estrategas do Ocidente debatem sobre que trincheira estamos a defender. Angola celebra. Celebra os seus 50 anos, a sua história, a sua resiliência. E, sem querer, celebra também o seu novo estatuto de superpotência incipiente, uma nação tão formidável que consegue assustar o mundo com um simples desfile.
O mundo olha para nós com um respeito cauteloso. E, os nuestros hermanos, agora sabem que se tentarem uma gracinha no relvado do 11 de Novembro não pouparemos fuego, pois somos milhões e contra milhões...

