Com o Médio Oriente em chamas, que ameaçam chegar ao depósito da pólvora, que será sempre uma guerra aberta israelo-iraniana, com o envolvimento dos Estados Unidos ao lado de Telavive, e agora com o "plus" de Teerão poder contar com a Rússia e a China, os seus actuais aliados estratégicos, já era tempo de os analistas dos mercados alargarem horizontes para fora do cubico de Wall Street.
E sim, foi isso que precisamente aconteceu esta quarta-feira, 07, quando passam 10 meses certos do ataque do Hamas sobre o sul de Israel, a 07 de Outubro do ano passado, o que, inevitavelmente, levou o barril a sair do ensombrado buraco em que estava há semana.
Ao ritmo dos tambores da guerra na região que regurgita 35% do petróleo consumido diariamente em todo o mundo, os mercados voltaram agora a disparar como não se via há largos meses, ganhando quase 2%, passando dos 76 USD para quase 78 USD (77,89 USD) perto das 14:10, hora de Luanda.
Não é que se trate de uma recuperação estrambólica, porque, na verdade, ainda faltaum longo caminho para o barril de Brent, o que importa para Angola, regressar aos confortáveis 85 USD em que estava há três semanas apenas, mas é um raio de luz nas ensombradas economias petrodependentes, como é o caso da angolana, ainda...
Porém, este quadro benevolente para os mercados petrolíferos, poderá ser invertido de novo se o tempo for passando sem alterar o actual estado de pré-conflito israelo-iraniano, que contém como risco agravado o estrangulamento do fluxo de crude para o ocidente através do estratégico Estreito de Ormuz, e, nos Estados Unidos, os dados da economia se mantiverem a respirar com dificuldade, e da China não chegarem boas novas sobre a actual situação de quebra substantiva do consumo...
São muitos "ses" para a escassa capacidade de resistência ao pânico dos mercados, o que deixa antever tanto a emergência de um novo período sombrio, como um regresso aos tempos áureos do crude acima dos 90 USD.