O Brent fechou esta semana a valer 93,27 USD, e o norte-americano WTI, a referência da maior economia mundial, em Nova Iorque, fechou a semana nos 92,31 USD, igualmente um recorde histórico que atira o registo semelhante apenas para meados de 2014.

Mas, o que está por detrás desta subida expressiva da matéria-prima que representa 95% das exportações angolanas, mais de 35% do seu PIB e pelo menos 60% das despesas correntes do Estado?

São, neste momento, duas forças motrizes por detrás deste cenário que catapulta Angola, mais uma vez, para a bonança petrolífera, apenas ofuscada pela queda continuada da produção: a crise no leste europeu, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, onde se instalou o receio alimentado pelos EUA de que Moscovo está prestes a invadir o país vizinho, leva do para o velho continente, de novo, a ameaça de uma guerra sem quartel e o clima no sul dos Estados Unidos, que congelou, literalmente, a máquina extractiva no on shore texano do maior produtor de crude do mundo.

Apesar de Moscovo negar repetidamente qualquer intenção de invadir a Ucrânia, os EUA permanecem a alimentar esse medo há largos meses, sendo a última página deste "livro" de espionagem que faz lembrar os velhos tempos da Guerra Fria a notícia de que os russos estão a preparar fricções no interior ucraniano de forma a que o Exército regular de Kiev lance ataques nas regiões autonomistas do leste do país de forma a justificar o envio dos tanques russos em direcção a oeste.

A gravidade da afirmação é de tal ordem porque veio directamente de Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, dizendo este Washington dispõe de informação sobre "planos da Rússia para inventar ataques ucranianos para usar como pretexto para a invasão".

Isto, mesmo depois de Moscovo dizer repetidamente que quer negociar em vez de alimentar a possibilidade de um conflito, embora sublinhe em continuado que não aceita a extensão da NATO para o outro lado da sua fronteira no espaço ucraniano de vastas planícies.

Por outro lado, a OPEP+, a organização que desde 2017 agrega os 13 Países Exportadores (OPEP) e 10 "desalinhados" liderados pela Rússia, com o objectivo de manter sob controlo os preços da matéria-prima, voltaram agora a insistir na continuação da estratégia que já vem de Junho de 2021, que é acrescentar, contra a vontade das grandes potências económicas globais, os mesmos 400 mil barris/dia no mês de Março.

Mas a ajudar a valorização do barril estão dados efectivos de que, mesmo que o cartel quisesse meter mais produção a circular, isso seria, no mínimo, difícil, visto que os seus membros não estão a sequer a conseguir atingir as quotas sob sua responsabilidade, com destaque para Angola e Nigéria.