Para além de prolongar no calendário o programa de cortes na produção em vigor, que é de 1,7 milhões de barris por dia (mbpd) e inclui outros países integrados na denominada OPEP+, como a Rússia, o Cazaquistão e o México, os membros do "cartel" estão ainda, segundo fontes citadas pelas agências, a ponderar uma proposta no sentido de dilatar este valor, podendo mesmo chegar aos 1,9 mbpd.
Inicialmente, o barril de Brent, assim que começou a ser claro que esta dispersão do novo coronavírus que surgiu na cidade chinesa de Wuhan iria ser um problema de grandes proporções, desceu quase 10 USD em menos de uma semana.
Mas, desde terça-feira, 28, que se assiste a uma ligeira subida impulsionada por uma queda surpreendente dos stocks norte-americanos, revelada pelo Instituto Americano do Petróleo.
Mas esta recuperação não é suficiente para os decisores da OPEP, até porque tanto as autoridades chinesas como a Organização Mundial de Saúde (OMS) já admitiram que a disseminação do vírus ainda está na sua escalada natural, apesar dos esforços planetários para travar a sua caminhada, tendo já sido confirmados casos em mais de uma dúzia de países, incluindo EUA, Alemanha, Tailândia, Austrália, França...
O ministro da Energia saudita, Abdulaziz bin Salman, procurou acalmar os mercados de duas formas, primeiro garantindo que a OPEP tem capacidade para responder com medidas concretas, mas, sobretudo, lembrando que nas outras pandemias de coronavírus, como a de SARS, em 2002, os efeitos na economia chinesa foram muito inferiores ao que se pensou inicialmente e que desta feita o mesmo será observado.
Porém, agora, com o evoluir da situação e com os mercados a registarem algum pânico, o Governo de Riade já veio, através de fontes anónimas citadas pela Reuters, garantir que em cima da mesa está sempre a possibilidade de intensificar tanto os cortes como o período que está definido.
Um eventual travão a uma medida desta natureza - mais cortes e por mais tempo - só pode vir da Rússia, que, tal como a Arábia Saudita, precisa do barril em valores mais altos para controlar as suas contas públicas.
Uma fonte do Governo de Moscovo, também citada pela Reuters, admitiu que se o barril se mantiver abaixo dos 60 USD, então a Rússia não será um travão ao que Riade está a admitir como resposta ao menor consumo de crude por parte de Pequim e, logo, uma pressão em baixa do valor do barril nos mercados internacionais.
Hoje, por volta das 14:00, o barril de Brent, vendido em Londres, e que serve de referência para o valor médio das exportações angolanas, estava a valer 59.20 USD, mais cerca de 0,60 por cento que no fecho de terça-feira.