Enquanto os futuros no WTI, para entrega em Maio, chegavam aos -40 por barril, precisamente no último dia de negociação, em Londres, o Brent fechou a sessão de segunda-feira relativamente tranquilo.
Mas foi sol que durou pouco e hoje, logo na abertura do mercado, isso ficou claro, com o reacender em Londres do mesmo tipo de dúvidas que no dia anterior afundara o mercado norte-americano de referência, o WTI de Nova Iorque.
O barril de Brent rapidamente desceu mais de 15 %, para muito próximo da fasquia simbólica dos 20 USD, o que é, embora longe dos valores históricos norte-americanos, bastante baixo e importante para o actual cenário mundial de crise económica gerada pela pandemia da Covid-19, no qual o sector petrolífero emerge como uma das principais vítimas.
E pela hora do almoço, cerca das 14:00, o barril de Brent já estava a cair mais de 22 por cento, para os 19,88 USD, um valor igualmente historicamente baixo.
Os analistas já falam em "tempestade perfeita" - conjunto de factores que se juntam para despoletar o pânico - ou o "cisne negro" - circunstância totalmente inesperada -, para definir o dia histórico que o sector viveu na segunda-feira, mas o pano de fundo para esta crise tem sido descrito por todos os media internacionais: os efeitos da Covid-19 aliados à quebra da procura, à qual se junta a guerra de preços Rússia-Arábia Saudita, que simplesmente conduziu à inundação dos mercados com crude barato, que, depois de cheios os depósitos das reservas estratégicas das grandes economias, deixou de haver reservatórios para guardar petróleo a ponto de ninguém o querer. E o que ninguém quer, deixa de ter valor de mercado.
Ainda não é o caso do barril de Brent, em Londres, que é o que interessa directamente a Angola, mas os números não enganam e já é evidente o contágio do pânico de Nova Iorque, com o gráfico londrino a mostrar uma permanente e acentuada descida do valor da matéria-prima no mercado que define o valor das exportações nacionais.