O anúncio foi feito pela petrolífera nacional, que refere, em comunicado, que a Totsa e Vitol, que vão fornecer gasóleo e gasolina, respectivamente, foram as vencedoras do concurso para o qual foram convidadas 27 empresas, incluindo as actuais fornecedoras - Total e Trafigura -, "como garantia de uma competitividade em igualdade de circunstâncias".
Durante o processo, foram recebidas nove propostas das empresas BP, Trafigura, Vitol, Gunvor, Idemitsu, Mercuria, Totsa, Galp e Gemcorp e entre as ofertas "foram seleccionadas as melhores propostas para o fornecimento de cada um dos produtos e excluídas as restantes".
Apesar de Angola ser um país produtor de petróleo, o seu sector de refinação conta apenas com uma refinaria, com a capacidade de refinar 65 mil barris de petróleo por dia, que garantem a cobertura de apenas 20% do consumo de derivados de petróleo no País, o que significa que o restante é importado.
Está em marcha a construção de três novas refinarias, nomeadamente Cabinda, Soyo e Lobito, e a modernização e optimização da Refinaria de Luanda.
De recordar que há vários anos que o Governo vem adiando o processo de retirada das subvenções (subsídios) que permitem que o gasóleo e a gasolina sejam vendidos no País a preços muito inferiores aos valores de mercado.
A política governamental para os combustíveis custa anualmente à Sonangol, através da qual o Executivo garante a manutenção destes preços, entre 1,8 mil milhões de dólares e os 2.000 milhões USD, dependendo da capacidade da refinaria de Luanda, a única existente no País, que permite apenas a produção de menos de metade dos produtos refinados consumidos anualmente em Angola, que estão estimados em cerca de 200 mil barris brutos por dia.
Mas, sem os subsídios, um litro de gasolina, que hoje custa nas bombas de abastecimento menos de 200 kwanzas, passaria a custar quase 450, o que significa também que este aumento implicará um processo em cadeia de aumentos em quase todos os sectores da economia nacional.
Mas quer o Banco Mundial quer o FMI, que têm advogado o fim dos subsídios aos combustíveis, defendem também que este processo seja realizado gradualmente e de forma a atenuar o seu impacto no tecido social mais débil, e ainda mais em tempo de severa crise económica, gerada não só pela Covid-19 mas também, e essencialmente, pela perda de valor do crude exportado por Angola, que ainda representa 95% das suas exportações e é de longe o activo económico mais importante do País.