Na década de 1990 e início dos anos 2000, o então Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, lançou uma perseguição política à comunidade branca, procurando reduzir os seus direitos à posse das terras, o que levou a Austrália a oferecer salvos-condutos para aqueles que quisessem mudar de país.

Também os sul-africanos brancos viram as portas da Austrália abrirem-se após o fim do apartheid, em 1994, embora também países como Moçambique tenham recebido dezena de famílias fugidas do país de Mandela.

Agora, numa altura em que as relações entre Washington e Pretória esfriam, segundo analistas devido à influência do sul-africano Elon Musk junto de Donald Trump, o Presidente norte-americano assinou um decreto que abre a porta aos afrikaners que se sintam "vítimas de injustiça racial" na África do Sul

A par desta oferta de abrir as portas ao afrikaners, ao mesmo tempo que as fecha aos latinos, Donald Trump assinou outro decreto onde corta os apoios ao desenvolvimento da África do Sul, justificando isso com a lei de expropriação de terras assinado pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, o que teve lugar no mês passado.

A lei aprovada por Ramaphosa te como objectivo diluir as injustiças do tempo do apartheid das quais a comunidade branca ainda hoje usufrui, sendo os objectos desta legislação os fazendeiros afrikaners, como, no passado, foram os proprietários de terras brancos no Zimbabué de Mugabe.

Mas a resposta das organizações que representam esta comunidade na África do Sul não podiam ser mais clara a recusar a oferta de Trump, até porque, apesar da lei aprovada pelo Presidente, segundo a Reuters, não houve casos de retirada forçada ou ocupação de terras pela maioria negra.

Com apenas 7,2 por cento da população sul-africana, de 61 milhões de pessoas, a comunidade branca detém três quartos das terras aráveis do país.

É conhecida a história dramática da população negra durante o apartheid, de 1948 a 1994, quando mais de 4 milhões de n egros foram obrigados a deixar as suas terras para a criação de fazendas geridas e detidas por brancos.

O que está na origem da enorme disparidade de posse de terras, claramente desproporcional e que mais de duas décadas de democracia não conseguiu equilibrar.

Os afrikaners não querem ser refugiados, amam a sua terra e estão comprometidos com o seu futuro, disseram, em síntese, os representantes desta minoria sul-africana após ser conhecida a proposta de Trump.