O Presidente dos EUA, que tem pugnado pela continuação dos cerca de 20 mil documentos, que estão na posse dos congressistas, como secretos, especialmente depois do seu nome ter surgido nos media como fazendo parte em centenas destes "ficheiros", vem agora pedir aos republicanos que votem pela sua divulgação.~

Nos últimos dias (ver aqui), os media norte-americanos têm revelado partes do conteúdo de um conjunto de documentos onde Jeffrey Epstein, um financeiro milionário que era o "pivot" do esquema internacional de pedofilia, se refere em tom comprometedor a Donald Trump.

Esses documentos, quase em exclusivo emails que Epstein, antes de ser preso, e ter aparecido morto na cadeia, em 2019, trocou com figuras conhecidas, incluindo jornalistas, apontam Trump como sabendo do que se passava, aludindo mesmo à sua participação nalgumas "sessões especiais".

Com o surgimento dessas primeiras informações, que Trump sempre negou serem correctas, a Casa Branca mudou o sentido da posição para a recusa da divulgação dos "Ficheiros Epstein" mesmo que o Presidente tenha feito a sua campanha a exigir a sua divulgação.

Agora, numa publicação na sua rede social, Truth Social, o Presidente norte-americano, reagindo a uma vaga de fundo pró-divulgação no núcleo duro do seu eleitorado, que faz parte do movimento "MAGA", sigla para "Make America Great Again", vem defender a libertação dos documentos.

A esta mudança radical de posição, onde Trump regressa à que era a sua opção durante a campanha para as eleições Presidenciais de 05 de Novembro de 2024, onde foi eleito para o seu segundo mandato, não é alheio o facto de estar prevista a votação na Câmara dos Representantes sobre a divulgação dos ficheiros para esta terça-feira, 18.

Os documentos que estão actualmente na posse do Departamento de Justiça são a parte maior deste caso gigantesco que alguns analistas admitem que pode afectar perigosamente a carreira de Donald Trump, embora a máquina republicana já esteja a criar uma "narrativa alternativa".

Que passa por dizer que Epstein criou os emails onde implica Trump já numa fase em que estava sob suspeita e que se trata de uma manobra para tentar proteger-se ao juntar pessoas poderosas e influentes no "caso" de forma a que este seja abafado, abafando assim a sua responsabilidade no esquema criminoso envolvendo abuso sexual de menores.

A outra tese que já está a circular entre as franjas republicanas mais incondicionais de Trump é que há muito que se sabe que os documentos são inofensivos para o Presidente e este deixou o balão mediático insuflar até lhe ser mais conveniente esvaziá-lo.

A publicação de Trump na Truth Social surge depois do presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, um republicano, ter defendido que essa divulgação total ajudará a livrar o Presidente das suspeitas criadas pelos emails já conhecidos.

E é nesse seguimento que Trump escreve que "os republicanos devem votar para a libertação dos ficheiros porque nós não temos nada a esconder", acrescentando: "É chegado o tempo de seguir em frente e ignorar este esquema criado por lunáticos e radicais de esquerda".

Como notam os jornais, se os mails podem ser explicados com uma tese de que era Epstein a querer envolver poderosos para se proteger, mais complexo será explicar as centenas de fotografias e vídeos onde aparecem juntos às gargalhadas e em festas na presença de jovens beldades claramente menores de idade.