Isto, porque não há ainda resultados oficiais e os primeiros, que serão provisórios, estão agendados para quinta-feira, 27, como anunciou já a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Este tiroteio, para o qual ainda não havia, perto das 14:50, hora de Luanda, uma explicação sólida, surge depois de a votação de Domingo ter sido elogiada pela forma pacífica como decorreu pela generalidades das missões de observação eleitoral.

Embora sem confirmação oficial, alguns media estão a avançar que se trata de uma tentativa de golpe de Estado. Outros que é o próprio Presidente ainda em exercício que está a encenar uma intentona para cancelar a contagem dos votos face às evidências de que as coisas não estão a correr bem para o seu lado.

E a própria CNE fez um sublinhado sobre "o ambiente pacífico e ordeiro no processo de votação" em que mais de 96º.000 eleitores foram às urnas para escolher o novo Presidente da República e os 102 deputados da Assembleia Nacional Popular, sendo que entre os favoritos estão, além de Fernando Dias, o actual Presidente, Umaro Sissoco.

Ambos os candidatos têm afirmado nos últimos dias que serão, sem dúvidas, os vencedores, tendo mesmo, logo após as eleições, Sissoco Embaló afirmado que não haverá segunda volta porque a sua reeleição para um segundo mandato à primeira estava assegurada.

E com o candidato do PAIGC, Fernando Dias, que conta ainda com o apoio do PRS, outra das grandes forças políticas guineenses, a afirmar precisamente o mesmo, segundo fontes em Bissau contactadas pelo Novo Jornal, este episódio do tiroteio registado perto das 12:30, está relacionado com essa disputa.

Como recorda a Lusa, ainda a propósito desta eleições, onde foram igualmente eleitos os 102 deputados das Assembleia Nacional, o que é igualmente campo de disputa feroz entre o PAIGC e a Plataforma Republicana, constituída por partidos que apoiam Embaló.

Entretanto, num longo e delicado processo pré-eleitoral neste pequeno mas um dos mais tumultuosos politicamente países da África Ocidental, (ver links em baixo), o Supremo Tribunal de Justiça rejeitou as candidaturas daqueles que eram considerados os principais adversários do regime e nenhuma das forças políticas da anterior composição do parlamento concorreu a estas eleições.

Fernando Dias da Costa, explica a Lusa, candidatou-se como independente às presidenciais e ganhou o apoio do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), depois do histórico partido da libertação da Guiné-Bissau e o líder Domingos Simões Pereira terem sido excluídos das eleições.

A maioria PAI-Terra Ranka, coligação liderada pelo PAIGC, foi afastada do poder com a dissolução da Assembleia, em dezembro de 2023, e o Presidente Embaló nomeou um Governo de iniciativa presidencial.

Dois anos depois, com o parlamento encerrado e o fim do mandato presidencial, Embaló convocou eleições gerais, presidenciais e legislativas, para 23 de novembro, que decorreram no domingo sem incidentes relatados.

Estas eleições decorreram sem a presença da comunicação social portuguesa que foi expulsa da Guiné-Bissau em agosto, com a decisão do Governo de suspender as delegações da Lusa, RTP e RDP.