Dá última vez que se soube do paradeiro, em Abril/Maio, de Joseph Kabila este estava no leste da RDC, em Goma, a capital do Kivu Norte que está ocupada pelos rebeldes do M23, que são apoiados pelo Ruanda e também, segundo Kinshasa, pelo ex-Presidente agora condenado à morte por um role longo de acusações que incluem traição como o crime mais grave.

Além desta condenação à morte, Kabila está ainda obrigado a pagar uma indemnização de 29 mil milhões USD por prejuízos causados ao país, ao mesmo tempo que as províncias do Kivu Norte e Kivu Sul receberão, se a sentença for cumprida, 2 mil milhões USD casa.

Só que esta condenação, para ser cumprida, terão de ser reunidos um conjunto alargado de requisitos, sendo que o primeiro deles é que as autoridades de Kinshasa o consigam apanhar, porquanto o seu paradeiro tem sido desconhecido quase desde que saiu do poder, em 2019.

Excepto num fugaz momento, como o Novo Jornal também noticiou, em que este apareceu em Goma, capital do Kivu Norte, província do leste da RDC que desde o início deste ano está ocupada pelo M23, os guerrilheiros apoiados pelo Ruanda e com quem Kabila mantém uma prolongada amizade e partilha de interesses.

A sentença foi lavrada pelo Tribunal Militar Superior de Kinshasa e, também como o Novo Jornal já tinha noticiado, há muito que se preparava para desferir a pena mais pesada contra o ex-Presidente, filho do igualmente antigo Presidente, Laurent Kabila, assassinado pelo seu próprio guarda-costas num intrincado e nunca totalmente esclarecido esquema para o afastar.

Face a esta condenação, para deter Joseph Kabila, cujas ligações ao M23 admitem claramente algum tipo de relação próxima com Kigali e o Presidente ruandês, Paul Kagame, as autoridades judiciais congolesas terão de o ir buscar a território pouco favorável para o sucesso desse objectivo, que será ou o próprio Ruanda ou as áreas ocupadas militarmente pelo M23.

Todavia, como admitem alguns analistas, contra Kabila pode surgir um problema externo contra o qual pouco poderá fazer que é o acordo de paz mediado pelos EUA entre o Ruanda/M23 e a RDC para a estabilização do leste congolês e no qual a sua "cabeça" poderá ser "usada" como moeda de troca para acertos negociais entre Kinshasa e Kigali.

Como pode ser revisitado nos links em baixo, nesta página, Joseph Kabila acusa o actual Presidente Felix Tshisekedi de usar a justiça para o perseguir, denominando o julgamento que decorreu durante longos meses como uma farsa política para o perseguir e anular a possibilidade de voltar a candidatar-se ao cargo de Presidente.

Alias, uma das acusações secundárias à pena capital que pendiam sobre Kabila eram de terrorismo e insurreição, tudo crimes pelos quais dificilmente, no mínimo se livraria de uma pena de cadeia pesada, o que o levou a deixar não apenas o país mas um segredo absolto sobre o seu paradeiro.

Até ao momento em que apareceu em Goma, dentro das fronteiras congolesas, mas sob ocupação dos rebeldes do M23, ligados não apenas ao Ruanda, de quem têm forte apoio logístico e militar, mas também a uma relevante parte das populações congolesas daquela parte do país, que é, no que diz respeito aos recursos naturais, das mais ricas da RDC.

Esta aparição nos domínios geográficos do M23 desfez as refutações de Kabila sobre a acusação de proximidade e apoio aos guerrilheiros que há décadas desestabilizam o leste congolês.

Recorde-se que uma das ameaças que o líder do M23, Corneille Nangaa, um antigo PGR em Kinshasa, tem repetido há largos meses (ver links em baixo), é que vai mais cedo ou mais tarde, marchar com os seus guerrilheiros para KInshasa e tomar o poder a Felix Tshisekedi.

Esta ameaça, como se pode perceber na leitura dos media congoleses próximos do poder, é que Kabila estará a tentar organizar uma força, apoiada e finaciada por interesses externos e pela sua extensa fortuna pessoal, amealhada nas quase duas décadas de poder em Kinshasa, para regressar ao poder pela força.