O grupo rebelde que conta com o apoio do Ruanda e que no início deste ano de 2025 conquistou pelas armas as províncias dos Kivu Norte e Kivu Sul, ocupando as duas capitais regionais, Goma e Bukavu, aceitou os termos do cessar-fogo desenhado pelos Presidentes do Ruanda e da RDC com a mediação norte-americana e catari.
Mas, já há cerca de uma semana e meia, foram retomados os ataques esporádicos do M23 a centros populacionais civis, seguindo a mesma lógia pré-acordo, que é ganhar posições em territórios de importância estratégica na disputa pelas riquezas do sub-solo do leste do Congo.
Face a esta nova vaga de terror dos guerrilheiros "ruandeses", o Gabinete da ONU para os Direitos Humanos condenou com vigor a escalada na violência perpetrada pelo M23 sobre civis apesar de o cessar-fogo continuar, oficialmente, a ser respeitado pelas partes.
De acordo com o porta-voz da ONU na região, Jeremy Lourence, o M23 já matou pelo menos 300 civis contando com o apoio de sempre, tanto logístico como em armas e veículos, do Ruanda.
Estas mortes foram registadas pela ONU apenas entre 09 e 21 de Julho, em quatro aldeias do Kivu Norte, seguindo já conhecido padrão de controlo de áreas estratégicas para a exploração de minérios fundamentais, como terras raras, coltão e cobalto.
Entre as vítimas estão dezenas de mulheres (48) e crianças (20) sendo claro que não é visível um sinal de que estes ataques são a excepção e não um retomar da "normalidade" da violência nesta região congolesa.
Esta degradação da situação no leste da RDC é um claro desafio aos EUA (ver links em baixo) que têm neste cessar-fogo, além de uma nova oportunidade para aceder a matérias-primas estratégicas para as suas indústrias 2.0, mas também um desafio para o almejado Prémio Nobel da Paz para Donald Trump, que tem referido este cessar-fogo como uma das suas grandes conquistas.