Cyril Ramaphosa lembrou que os países africanos "têm memórias dolorosas de uma época em que as guerras por procuração eram travadas em solo africano por super-potências estrangeiras".

"Não esquecemos o legado terrível e brutal de primeiro ter o nosso continente dividido e colonizado por países europeus, apenas para nos encontrarmos mais uma vez como peões num tabuleiro de xadrez durante a Guerra Fria", declarou.

"Não vamos voltar a esse período da história (...) a África do Sul "não foi e não será arrastada para uma disputa entre potências globais", sublinhou o Chefe de Estado sul-africano, que assinalava esta quinta-feira o Dia de África, em Maropeng, onde se situam as grutas de Sterkfontein, consideradas por paleontologistas como o "Berço da Humanidade", nos arredores de Joanesburgo.

"Alguns países, inclusive o nosso, estão a ser ameaçados com sanções por seguirem uma política externa independente e por adoptarem uma posição de não-alinhamento", referiu Ramaphosa.

Cyril Ramaphosa diz que a África do Sul continuará a manter a sua posição de neutralidade sobre a resolução pacífica de conflitos "onde quer que esses conflitos ocorram".

"Guiados pelas lições da nossa história, continuaremos a resistir aos apelos para abandonar a nossa política externa independente e não-alinhada", realçou o Presidente sul-africano.

No seu discurso, Ramphosa afirmou também que "algumas empresas multinacionais estão envolvidas em condutas inescrupulosas que prejudicam a saúde humana e poluem o meio ambiente", avançando que "em muitas partes do continente, as batalhas pelo controle dos recursos naturais da África estão a alimentar conflitos, instabilidade e terrorismo".