A Índia está desde a noite de terça-feira, 06, para quarta-feira, 07, a atacar com aviação e artilharia pesada o Paquistão como vingança pelo ataque terrorista de 22 de Abril no Vale de Besairan, na Caxemira indiana, que matou 26 turistas e polícias indianos.

O Governo de Narenda Modi referiu que a vaga de ataques foi contida e planeada para anular campos de treino e infra-estruturas terroristas em território paquistanês, ou na Caxemira controlada pelo Paquistão, aconselhando Islamabad a não responder para desescalar.

Além de trocas de fogo de artilharia pesada entre as unidades militares dos dois países na região fronteiriça da Caxemira dividida, na região dos Himalaias, o Paquistão, apesar da retórica abrasiva, ainda não avançou com uma resposta em larga escala contra Nova Deli.

No entanto, dando crédito ao ministro da Defesa paquistanês, embora estas possam também declarações para consumo interno, de modo a desanuviar a tensão entre as comunidades islâmicas mais radicais e defensoras de uma guerra com a Índia maioritariamente Hindu, é de esperar o pior.

E é por isso que as grandes potências da região, a China, Que partilha parte da Caxemira, e a Rússia, igualmente com fronteiras nesta geografia asiática, bem como os Estados Unidos, estão, como referem as agências de notícias internacionais, no terreno diplomático a tentar uma solução forjada através do diálogo.

Uma das possibilidades é que os intermediários consigam gerar cedências de âmbito político para aliviar as tensões militares, a partir das medidas já tomadas de ambos os lados desde 22 de Abril (ver links em baixo), desde as expulsões em massa em ambos os lados, à saída da Índia do Acordo da Bacia do Rio Indu, de 1960, sobre a partilha das águas dos sete rios de Caxemira.

Isto, porque se as trocas de fogo de artilharia e os ataques com misseis indianos, são uma situação que envolve riscos sérios de uma guerra sem quartel, a questão da água é um assunto existencial para 905 da agricultura paquistanesa, e a base da sua segurança alimentar, que pode levar ao uso de meios radicais, como avisou o Governo de Islamabad.

Para já, a Índia parece disponível a ficar satisfeita com a retaliação já exercida sobre os locais alegadamente relacionados com as organizações terroristas islâmicas, e as coisas podem começar a descer de intensidade... mas falta ver até que ponto o ministro da Defesa paquistanês estava ou não a anunciar um ataque efectivo à Índia.

É que do lado de Nova Deli já foi dito, pelo ministro da Defesa, Rajnath Singh, que se o Paquistão insistir nessa resposta, as forças da União Indiana darão uma resposta poderosa, embora tenha lembrado, segundo The Guardian, que o seu Governo sempre foi responsável e "a favor de solução negociadas".

Estas declarações são tendencialmente válidas como ajustadas a um desanuviar das tensões, embora tudo dependa claramente do que vier a ser feito pelo Paquistão neste momento de grande tensão transfronteiriça.

Até porque existem questões políticas internas que "obrigam" os Governos de ambos os países a não se mostrarem muito "pacifistas" porque isso pode gerar convulsões internas entre as alas mais radicais tanto na maioria indiana Hindu como na maioria esmagadora islâmica no Paquistão.

Como parece ser claro nas declarações do primeiro-ministro paquistanês, Shehabaz Sharif, que jurou solenemente num discurso televisionado ao país que vai "vingar to e qualquer gota de sangue dos mártires" do país, referindo-se aos 31 paquistaneses que morreram durante os ataques da Índia.

Estas crises entre as duas potências nucleares têm sido comuns ao longo das décadas, desde as suas independências em 1947, mas ganharam maior visibilidade quando Islamabad e Nova Deli se transformaram oficialmente em potências nucleares, a Índia em 1974 e o Paquistão em 1998.

E tanto antes desse momento como depois da sua "nuclearização", indianos e paquistaneses sempre ultrapassarem as crises por acordos negociados, sendo que alguns surgiram depois de guerras de maior duração e com milhares de mortos e feridos, especialmente em 1965 e em 1971, todos com epicentro na disputa territorial por Caxemira.