O Índice sobre Desempenho no combate às Alterações Climáticas, elaborado por uma rede alargada de ONG ambientais, deixou o pódio vazio, o que vem dar razão à jovem activista sueca, Greta Thunberg, quando esta, logo no início da COP26, sintetizou a performance dos lideres mundiais no combate ao aquecimento global como mero "bla.bla,bla.bla...".

No entanto, a Dinamarca, apesar de não ter nota máxima, surge como o país que mais faz nesta emergência global contra as emissões de gases com efeito de estufa. Segundo o Acordo de Paris, de 2015,assinado por mais de 100 países, o Planeta não pode aquecer mais de 1,5 graus, tendo como referência a temperatura média antes da revolução industrial, até ao fim do século.

Este índice é elaborado medindo o nível de emissões de gases com efeito de estufa, com um a aposta nas energias renováveis e as políticas climáticas, contando percentualmente em graus distintos, sendo as emissões a maior percentagem, 40%.

Com estes indicadores como referência, este índice global coloca a Dinamarca, Suécia, Noruega e Reino Unido nos lugares cimeiros, com desempenho "alto", enquanto Canadá, Irão, Arábia Saudita e Cazaquistão ocupam os piores lugares nesta lista que junta 60 países.

Os maiores poluidores mundiais têm desempenhos baixos ou muito baixos, como os EUA, a China, a Rússia... enquanto em África, a África do Sul aparece na lista dos piores desempenhos.

O fraco empenho dos maiores poluidores foi severamente criticado pelo ex-Presidente dos EUA, Barack Obama.

Combate às alterações climáticas é "uma maratona e não uma corrida" diz Obama

O combate às alterações climáticas "é uma maratona e não uma corrida", avisou na segunda-feira o antigo presidente dos Estados Unidos Barack Obama, num discurso à margem da COP26.

"Preparem-se para uma maratona, não para uma corrida, porque resolver um problema tão grande, tão complexo e tão importante nunca aconteceu de uma só vez", disse citado pela Lusa.

Num discurso de cerca de uma hora, o antigo chefe de Estado (entre 2009 e 2017) disse que a COP26 ouviu "boas e más notícias", enaltecendo os compromissos feitos, mas reconhecendo que ainda não se está "nem perto" de onde era preciso estar.

"Apesar do progresso que Paris representou, a maioria dos países não conseguiu cumprir os planos de acção que estabeleceram há seis anos. E as consequências de não se mexerem suficientemente rápido estão a tornar-se mais aparentes", lamentou.

Reconhecendo o desvanecimento da cooperação internacional nos últimos anos, em parte devido ao seu sucessor Donald Trump, que fez os EUA saírem do Acordo de Paris, Obama lamentou a falta de ambição e ausência na COP26 da Rússia e da China.

"Os seus planos nacionais até agora reflectem o que parece ser uma perigosa falta de urgência, uma vontade de manter a situação actual por parte desses governos, e isso é uma pena", estimou.

Pelo contrário, elogiou os jovens por estarem pelos seus esforços para colocarem pressão nos políticos, encorajando-os a a continuar, por exemplo, a tentar influenciar também as empresas e serem mais ecológicas.

Mas, vincou, "não será suficiente simplesmente mobilizar os convertidos" ou forçar os outros a mudar de opinião com manifestações, protestos ou campanhas nas redes sociais.

Para além dos negacionistas, lembrou, existem "trabalhadores e comunidades que ainda dependem do carvão para a electricidade e empregos".

"Para construir as coligações de base alargada necessárias para uma acção arrojada, temos que persuadir as pessoas que não concordam connosco ou são indiferentes ao assunto", explicou, urgindo os jovens a "canalizar" a raiva e frustração e a continuarem mobilizados.

"Fazer com que as pessoas trabalhem juntas a uma escala mundial demora tempo", admitiu, e "todas as vitórias serão incompletas".

"Às vezes seremos forçados a contentar-nos com compromissos imperfeitos, porque mesmo que eles não consigam tudo o que queremos, pelo menos eles fazem a causa avançar", disse.

Decisores políticos e milhares de especialistas e activistas reúnem-se até sexta-feira na COP26 para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afectados a enfrentar a crise climática.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.