Esta atitude do novo Governo de Niamey não é uma surpresa porque surge escassos meses depois de a Junta Militar expulsar do país as tropas e o embaixador francês, radicalizando a posição antiocidental que já existia nos países vizinhos, o Mali e o Burquina Faso.
O Níger foi o 4º país da África Ocidental, no conjunto da geografia da "FranceAfrique", composta pelas antigas colónias gaulesas na África Ocidental, após Mali, Burquina e Guiné-Conacri, a destronar Presidentes através de golpes militares (ver links em baixo nesta página).
E todos eles com um vincado e notório programa antifrancês e pró-russo, menos visível em Conacri, que se traduz igualmente por uma postura pouco amistosa com o ocidente, o que se torna nítido neste passo agora dado pelo Níger, ao expulsar as forças militares dos EUA.
O anúncio foi feito na televisão estatal por um porta-voz da Junta Militar, o coronel Amadou Abdramane, que afirmou não se justificar mais a presença das forças norte-americanas, sendo que estas palavras saíram de longas e tensas conversações diplomáticas entre os dois países.
Não é conhecida a reacção de Washington, mas é provável que ocorra alguma resistência porque o Níger alberga uma das mais importantes bases norte-americanas em África, em Agadez, em pleno deserto do Saara.
É a partir desta base que é gerida a vigilância aérea, via drones e aviação estratégica, de toda a África saariana e o Sahel sob justificação do combate ao terrorismo jihadista, sendo uma das mais importantes porque permite igualmente abranger uma vasta área da África subsaariana, incluindo Nigéria, RCA, Chade, Sudão...
Esta base, com perto de 700 militares norte-americvanos, é de tal modo relevante para os EUA que de Washington já foi dado um sinal claro, através da enviada especial para África, Molly Phee, de que as relações bilaterais poderiam ser "normalizadas", desde que Niamey cumprisse algumas condições.
Isto, depois de, numa primeira reacção ao golpe militar de Julho de 2023, Washington ter suspenso a ajuda e a cooperação militar com o Níger e depois do que aconteceu ao aliado francês.