Um agente da polícia namibiana está a ser julgado por fechar os olhos a 18 chifres de rinoceronte que estavam a ser traficados por um cidadãos chinês no aeroporto de Windhoek quando visualizava a máquina de rios X..
Conta a imprensa namibiana que o oficial da polícia Pendapala Abraham Iitula, de 42 anos, terá deixado, intencionalmente, passar na bagagem de um cidadão chinês que se dirigia para a África do Sul e, posteriormente, para Hong Kong, 18 chifres de rinoceronte.
O cidadão chinês foi detido, há cerca de uma semana, em Joanesburgo, quando aterrou, oriundo de Windhoek, tendo aí sido despoletado o processo que viria a resultar na acção judicial em que estão agora envolvidos os dois homens, o traficante chinês e o alegado cúmplice.
Depois de ter sido conduzido a tribunal, o juiz responsável pelo processo decidiu adiar o julgamento para Fevereiro alegando serem necessárias mais diligências para determinar a responsabilidade do agente da polícia, ficando este em liberdade sob caução de dois mil dólares namibianos.
Uma das questões a apurar é se se tratou de severa negligência ou se o agente da polícia terá de enfrentar uma acusação de recebimento de luvas para ignorar o tráfico de chifres de rinoceronte, um crime com pesada moldura penal na Namíbia.
Para já, segundo o The Namibian, o cidadão chinês, de nome Ye, foi detido em Joanesburgo porque os 18 chifres de rino eram claramente visíveis na sua mala quando sujeita ao scan por raios X, o que levantou claras suspeitas de que só tenha sido possível passar na origem do voo com a cumplicidade de quem visionou as suas malas no aparelho de raios X.
As duas mais importantes espécies de rinoceronte africano, o branco e o negro, estão entre as que mais riscos correm de extinção, a par do gorila-da-montanha, entre os de grande porte, devido à crescente procura pelos seus chifres nos mercados negros asiáticos.
Os animais são mortos, por vezes ficando vivos por vários dias até se esvaírem em sangue, apenas para lhes cortarem os chifres, para o fabrico de objectos, como as adagas ou, principalmente, para produzir um medicamento tradicional na China que alegadamente cura a impotência, embora a ciência negue que tenha qualquer préstimo como afrodisíaco.
Mas é isso que alimenta um rentável tráfico, alimentado pela caça ilegal.
Em algumas regiões de África, a única forma que as autoridades encontraram para salvar esta espécie foi capturar os espécimen ainda em liberdade e metê-los em cativeiro ou proceder ao corte, com recurso a veterinários, dos seus chifres para deixarem de ter valor comercial para a máfia do tráfico internacional.