De acordo com a France Presse, que cita fontes de organizações locais e da missão da ONU na RDC, a MONUSCO, este ataque ocorreu de Domingo para segunda-feira e é um dos mais mortíferos dos últimos meses.
Não só demonstrou uma selvajaria extrema pela forma como as pessoas foram mortas, muitas delas com catanas e machados, como ficou clara a prova de que se trata de violência gratuita e sem objectivo que não seja espalhar o terror no campo de refugiados onde estavam as vítimas.
Esta milícia, a CODECO, também conhecida por Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo, foi criada com o objectivo de proteger a comunidade Lendu dos ataques de outros grupos étnicos, numa sucessão de violência que parece não ter fim na RDC, especialmente no leste, região já submersa em ataques de grupos de guerrilha, especialmente nos Kivu Norte e Sul, onde os maiores atropelos têm sido, ultimamente, conduzidos pelo M23 (Ver links em baixo nesta página) e onde Angola tem tido um papel preponderante na busca de uma solução negociada.
Claramente ligado ao recrudescimento destes ataques está o regresso do atrito entre duas das principais etnias na região, os Lendu e os Hema.
A CODECO é uma organização de várias milícias de raiz étnica Lendu, cujas origens remontam à década de 1990, ou anterior mesmo, na região nordeste da RDC, principalmente da província de Ituri, tendo evoluído de uma pacífica organização de agricultores para grupo armado rebelde, alegadamente para defender as comunidades a que pertencem de ataques de rivais de etnia Hema.
Durante uma década, até 2021, o grupo manteve-se discreto mas as suas actividades violentas cresceram desde então, sendo hoje uma das principais dores de cabeça no leste da RDC do Governo de Kinshasa e da MONUSCO.