"A segurança dos civis deve ser primordial. Todas as partes no conflito devem cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito internacional para proteger os civis de danos. Isto inclui pôr fim aos ataques a civis e garantir o acesso irrestrito à assistência humanitária", disse Eric Batonon, director nacional do NRC em RDC.

"Estamos profundamente preocupados com a escalada da violência e o seu impacto devastador sobre vidas inocentes. Os ataques contra civis, incluindo mulheres, crianças e idosos, são inaceitáveis ??e devem parar imediatamente", acrescentou.

A recente escalada do conflito na vizinha Masisi restringiu ainda mais o acesso humanitário, com mais de 630 mil pessoas deslocadas permanecendo sem acesso a serviços essenciais, como cuidados de saúde e alimentos, durante mais de uma semana, diz o comunicado do NCR.

"As famílias deslocadas que fogem da violência e das atrocidades na província do Kivu do Norte necessitam de assistência urgente, incluindo alimentos, abrigo, água, higiene e saneamento", refere ainda, dando como exemplo o campo Rusayo 1, perto de Goma, aonde 18 mil pessoas chegaram num único fim-de-semana deste mês, fugindo dos combates em Sake.

Segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados, o abastecimento de água só pode fornecer pouco mais de três litros por pessoa diariamente, em comparação com o padrão mínimo de 15 litros. As instalações de higiene também são extremamente limitadas, existindo apenas um chuveiro para cada 500 pessoas.

A chegada de pessoas deslocadas está a colocar uma forte pressão sobre os recursos limitados que existem e a agravar a escassez entre a comunidade local. As escolas são muitas vezes transformadas em abrigos temporários, privando ainda mais as crianças da educação, alerta o NCR.

"A resposta humanitária na região já se encontrava numa situação precária: agora está à beira do colapso", disse Batonon.

"As organizações humanitárias no terreno necessitam de acesso e apoio desimpedidos para satisfazer as necessidades prementes das pessoas vulneráveis ??que foram forçadas a fugir. Conseguir apenas comida suficiente para comer é um grande desafio para as pessoas, já que todas as estradas para Goma foram cortadas pelos combates", defende.

À medida que os combates se intensificam e a situação humanitária se deteriora, o NRC insta todas as partes envolvidas a darem prioridade à protecção dos civis e a facilitarem o acesso sem entraves às organizações humanitárias. A comunidade internacional deve agir rapidamente para evitar um resultado catastrófico e aliviar o sofrimento de milhões de pessoas apanhadas no fogo cruzado do conflito no leste da RDC.

No total, existem 5,8 milhões de pessoas deslocadas internamente em Ituri, Kivu do Norte, Kivu do Sul e Tanganica juntas, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Já o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários avança que 135.000 pessoas deslocadas dirigiram-se a Goma entre 2 e 7 de Fevereiro de 2024. Outros abrigaram-se em escolas, igrejas e outros assentamentos improvisados.

A violência renovada no Território de Masisi está a restringir o acesso humanitário a mais de 630.000 pessoas deslocadas que já viviam na área, refere ainda a agência da ONU.

De acordo com uma avaliação realizada pelo NRC na RDC, 18.000 pessoas chegaram ao campo de Ruyayo entre 3 e 5 de Fevereiro de 2024. Esta avaliação é também a fonte da informação incluída sobre as condições no campo.

Ver links em baixo nesta página para revisitar a cobertura do Novo Jornal à persistente crise no leste da RDC