Frank Habineza, citado pelo AfricaNews, ao mesmo tempo que critica fortemente este acordo, que estabelece o parâmetros para que o Reino Unido envie para o Ruanda aqueles que estão naquele país europeu em busca de asilo político, admite como risco real a ocorrência de problemas com o financiamento dos custos inerentes a este "negócio" mas também perturbações graves na sociedade ruandesa.

Segundo este acordo, o Reino Unido paga perto de 150 milhões de dólares norte-americanos por cinco anos de vigência e perto de 20 mil dólares por cada um dos requerentes a asilo que sejam "despachados" para Kigali, o que levou a uma tempestade de críticas na sociedade britânica, com várias ONG de defesa dos Direitos Humanos e civis a falarem em tom violento sobre esta atrocidade que desrespeita os mais elementares direitos das pessoas que vão ser despachadas para África.

O problema deste acordo, que levou várias figuras conhecidas, do cinema à literatura, a criticá-lo de forma veemente, é que passam a ser enviados para o Ruanda pessoas de quaisquer que sejam os países, passando o processo de oficialização do pedido de asilo a correr tramites em Kigali e de acordo com a lei ruandesa.

Legam ainda os críticos deste acordo polémico que o regime de Paul Kagame não é brilhante em matéria de direitos humanos, nomeadamente no que toca aos seus opositores políticos.

Frank Habineza, que é ainda líder do partido Democrático Verde do Ruanda, um dos raros corajosos que se atreve a criticar o regime de Kagame, questiona ainda a legalidade deste acordo.

"Estamos totalmente contra este tipo de acordo, seja com que países for, porque se as pessoas vão ter com alguns países em busca de protecção é competência desses países tomar conta destas pessoas que já ali chegam fragilizadas. O que esta inerente a este acordo é profundamente desumano", acusou o advogado e político ruandês.

Ao abrigo deste acordo, recorde-se, o processo legal de asilo corre nas instituições ruandesas, e, depois, se o indivíduo requerente obtiver a autorização legal de permanência no país, ficará no Ruanda, caso contrário, será enviado para o seu país de origem, independentemente de correr ou não risco de vida.

Os críticos deste acordo entre Londres e Kigali sublinham que não há nada que garanta que os indivíduos que não conseguirem a permanência podem ser "despejados" em qualquer lado, porque não haverá forma de controlar nada.