Por agora, os guinéu-equatorianos mantêm o estatuto de observadores que alcançaram em 2008, mas o objectivo é ser país-membro já em 2014 na próxima cimeira, em Dili.

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro NguemaObiang, na sua mais recente estada em Luanda, anunciou que terá conseguido essa garantia de entrada junto do Presidente José Eduardo dos Santos.

Esta semana, o assunto voltou à liça durante a visita do ministro das Relações Exteriores, George Chicoty, a Portugal, onde constatou que ainda é preciso cumprir os requisitos exigidos, sobretudo por Portugal.

Esta aparente dissonância, entre o posicionamento do Chefe de Estado e do chefe da diplomacia pode ao fim e ao cabo não passar de isso mesmo: Uma aparente dissonância.

Entende-se que por força da diplomacia, no decorrer de mais uma visita oficial em que se volta a falar do reforço das relações entre os dois países não fique bem entrar em litígios desnecessários, pelo menos por agora.

Em cima da mesa esteve, a garantia de apoio à candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a organização de uma cimeira dos dois países em breve, marcada para Luanda.

Não cabe portanto, debater a Guiné Equatorial, mas fala-se da outra Guiné, a de Bissau e, em uníssono, como não poderia deixar de ser, desejam-se eleições gerais livres e justas, previstas para Novembro próximo.

Fala-se ao de leve dos fluxos de pessoas e bens e mais uma vez, vem à baila o quadro triste dos vistos. Que o diga quem desde o início do ano desespera meses para conseguir um visto para Portugal com a justificação de um novo sistema, dados biométricos, etc…Muito diferente da forma como têm funcionado, e bem, os consulados de Angola em Portugal.

Voltando ao pretendente a membro, há duas questões que saltam à vista. Porquê a CPLP? Porquê insistir em fazer parte dessa comunidade meramente simbólica, ainda que detentora de um peso potencial?Obiang já demonstrou que alcança esse potencial, sobretudo geográfico, confirmando o interesse em fazer parte deste grupo de mais de 200 milhões de falantes de português e com esse novo estatuto chegar à Europa.

A primeira vez que o Chefe de Estado da Guiné Equatorial anunciou essa intenção foi em 2004 e desde o início foi acolhida com estranheza por alguns membros, provavelmente porque os quase três séculos de colonização portuguesa, não foram suficientes para reconhecer alguma legitimidade a essa ligação ao português agora, depois do domínio espanhol e passados mais de três séculos.

Outra questão, o porquê da resistência? Sendo esta uma comunidade que se congrega principalmente em torno de intenções, não se percebe esta animosidade portuguesa por isso e, particularmente porque existe um passado histórico, o mesmo que afinal liga todos os países-membros. A estes não foram impostas condições, nem estabelecidos requisitos sine qua non. Será por uma questão de tempo? A Guiné Equatorial sai penalizada porque conviveu menos tempo com a língua portuguesa?

Bem, por agora, encarrega-se com algum empenho a dar seguimento ao que foi requerido à partida pelo então ministro luso dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas: Ensino e disseminação da língua portuguesa, a abolição da pena de morte, a salvaguarda dos direitos humanos e de uma democracia transparente.

Ainda a meio caminho, o Estado guinéu-equatoriano já terá conseguido licença para instalar uma embaixada em terras lusas e o embaixador deste país apresentou há dias as suas credenciais ao Presidente da República português.Aguarda-se então pela cimeira em Dili no próximo ano e que entretanto, o posicionamento de Portugal face ao bom comportamento de Malabo deixe de ser irrevogável.