As declarações de Manuel Vicente foram lidas esta terça-feira,8, depois de na segunda-feira o tribunal ter lido as de José Eduardo dos Santos, antigo Presidente da República, já falecido.

Manuel Vicente respondeu por escrito à Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP), órgão da Procuradoria-Geral da República, em 2020, aquando da solicitação deste órgão durante a instrução do processo-crime que levou a tribunal os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" e Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino", acusados da prática dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa e abuso de poder.

Segundo Manuel Vicente, não é possível que a China-Sonangol tenha recebido os carregamentos, vendido o petróleo e não tenha pagado ao Estado angolano o dinheiro dos barris saídos de Angola para a China.

Para o antigo PCA da Sonangol, à data dos factos, não é possível a China-Sonangol ter recebido petróleo e não o pagar.

A acusação diz que a China-Sonangol é uma empresa "fantasma", criada em conluio com os arguidos à data dos factos.

Em resposta, o antigo PCA da Sonangol diz não ser possível, visto que "quando se vende petróleo a uma empresa, é necessário analisar os referidos contratos, porque não se vende petróleo a uma empresa que não existe".

"Há regras a ser levadas em conta. E uma delas é a verificação da idoneidade, da capacidade financeira e da sua legalização", referiu.

Conforme Manuel Vicente, a Sonangol não faria transações com uma empresa que não existe.

Segundo Manuel Vicente, que diz que a acusação do MP o apanhou de surpresa, os pagamentos devem ser encontrados e que não é possível o Governo não saber nada sobre o pagamento dos carregamentos de petróleo para a China.

"Não é possível a China-Sonangol receber o petróleo e não pagar! Não, não possível", afirmou Manuel Vicente, realçando que o Estado, através do Ministério das Finanças, sabe deste facto.

Questionado enquanto PCA da Sonangol se teve acesso a documentos que comprovem que a CIF-Angola investiu em Angola ou que tem investimentos no País, disse desconhecer o assunto.

Perguntado se a Sonangol terá comprado 22 edifícios na Urbanização Vida Pacifica, para os seus funcionários, Manuel Vicente disse não ter conhecimento de nada.

Questionado sobre quem indicou a empresa Delta Imobiliária, que para além dos edifícios comprados na Vida Pacifica, venderia os apartamentos das centralidades do Estado em representação da CIF- Hong Kong, disse também não saber.

O julgamento dos generais "Kopelipa" e "Dino" prossegue na próxima semana com as audições de cinco declarantes arrolados no processo.